sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O Tempo

"Hoje é apenas um furo no futuro, por onde o passado começa a jorrar" (Raul Seixas)

A maneira como lidamos com o tempo, o organizamos e o aproveitamos é determinante para o tipo de pessoa que éramos, somos e seremos.

Podemos escolher esquecê-lo, ignorá-lo, bem como utilizá-lo ao nosso favor.

Há momentos em que estamos "no tempo", ou seja, conscientes dele, onde as horas "demoram a passar". É o que acontece, por exemplo, quando estamos entregues às expectativas, à esperança.

Há momentos, contudo, que estamos "fora do tempo", ou seja, inconscientes dele. Nestes momentos, não percebemos a hora que passa , tudo tem a impressão de ser rápido, rasteiro, intenso. É a sensação que nos acomete quando estamos entretidos, ou "entregues" ao nosso mundo interior.

Ambas as situações podem ser usadas ao nosso favor, dependendo de como escolhemos lidar com esse tempo.

Podemos nos entregar ao entretenimento medíocre, vazio e insosso. Podemos desperdiçá-lo, lamentando-nos pelas mazelas do presente, saudosos pela glória do passado e comprometendo, assim, nosso futuro.

Podemos também valorizar o tempo, tratando cada momento como único, especial. Uma oportunidade de desfrutar mais, aprender mais. Quem encara o tempo desta forma, jamais fica entediado.

Podemos escolher olhar para o passado e encará-lo como uma sucessão de derrotas, ou de experiências. Podemos dizer: fracassei ou ainda não consegui.

Podemos sonhar planejar, re-significar o tempo.

Essas escolhas é que irão fazer a diferença, São elas que irão determinar que tipo de pessoas seremos e como seremos lembrados.
Desfrute de seu tempo com sabedoria.

Elvis Eduardo dos Reis 29/10/2010

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O direito à memória como dimensão fundamental da cidadania

Estudar história vai muito além do simples decorar de fatos do passado. Estudar história deve ser, acima de tudo, um exercício de resgate. Resgate das origens, da cultura e da identidade.

Para a formação da cidadania a história torna-se imprescindível, uma vez que o conhecimento do passado do povo brasileiro possibilita uma compreensão melhor do presente.

Sem esse conhecimento  oculta-se para à sociedade, a sua origem, o seu passado, os caminhos percorridos para se chegar ao tempo presente.

Olga Von Simson, refletindo sobre essa questão em seu trabalho “O direito à memória familiar”, nos esclarece que quando a memória de um grupo é apagada as raízes deste grupo são esquecidas, “privando esses jovens de uma história familiar que lhe permita de onde provém o grupo familiar e qual o papel de seus pais e deles próprios no desenvolvimento do bairro e da cidade em que residem

Desta forma, podemos concluir que a preservação da memória de um povo permite o conhecimento do contexto em que esse povo está inserido, de como, por diversos fatores, ele foi colocado ali.

 Compreender isso é vital para que se possa exercer a cidadania, uma vez que promove uma consciência social que instiga ao não conformismo.

Contudo, para que a história exerça essa função, é necessário ensiná-la de uma maneira que desperte nos estudantes um desejo genuíno pela mudança. Uma mudança de mentalidade, o que os antigos gregos chamavam de Metanóia, a mudança de mente.

Essa mudança de mente bate de frente contra os interesses de muitas pessoas da classe dominante, interessadas em manter o status quo. Por isso o total descaso com o ensino da história nas escolas públicas.  Em história ensina-se o conveniente, o “feijão com arroz”. A matéria torna-se apenas uma coletânea de fatos do passado, biografias de pessoas que já morreram e um punhado de datas relacionadas a fatos sem profundidade, estimulando o aluno a um plácido sono durante as aulas!

Aos bravos resistentes, será servido um cardápio todo especial de uma história criada não para promover a verdadeira instrução, mas para propagar a ideologia de uma classe dominante, criando símbolos, patrimônios de uma história maquiada, cuja intenção é manter as classes mais humildes sob controle.

Cabe ao professor realmente preocupado com a formação de seus alunos e com visão do social, inverter esse panorama. Criar um cronograma que atenda as necessidades de esclarecimento do aluno, estimulando o raciocínio e, citando os pressupostos de Nadia Gaiofatto Gonçalves, desenvolver a idéia de que “há clareza, por parte do professor, sobre não haver uma verdade absoluta do fato histórico, mas versões possíveis, não necessariamente excludentes entre si, ao ponto de ele levar essa postura e compreensão para a sua prática como docente."

Usando essa idéia, essa visão, utilizaremos o estudo da história como uma ferramenta, uma base onde se apoiarão as outras disciplinas promovendo uma visão mais ampla do assunto e, além disso, promulgar o desenvolvimento de cidadãos mais consciente dos seus direitos e deveres na sociedade onde vive.