quarta-feira, 24 de junho de 2020

O TEMA DA SEXUALIDADE NAS AULAS DE HISTÓRIA EM UMA ESCOLA DE JUINA- MT


RESUMO

O presente trabalho investigou as contribuições do professor de História para as aulas de sexualidade. A metodologia utilizada para este trabalho foi uma pesquisa, observação e estudo bibliográfico para construção teórica e uma análise qualitativa no intuito de identificar de que forma o tema da sexualidade é abordado nas aulas de História. Os dados foram colhidos por meio de relatórios baseados em observações das aulas ministradas na escola CEJA ALTERNATIVO, na cidade de Juína-MT. Também foram elaborados questionários, que foram respondidos pelos professores de História da unidade, com o objetivo de compreender qual a visão destes profissionais em relação à interação das aulas de História com o tema da sexualidade. Tal metodologia foi escolhida, pois é a mais apropriada para identificar as dificuldades enfrentadas. Conhecer as dificuldades foi importante, pois por meio delas pudemos elaborar nosso plano de ação e traçar o melhor caminho na construção de soluções para os problemas. A revisão da bibliografia foi baseada em Arkins (1994) e Vilaça (2012), dentre outros autores que se dedicaram à investigação da sexualidade enquanto fenômeno histórico. Constatou-se que o historiador, quando em sala de aula, tem muito a contribuir para o estudo do tema ao demostrar uma sexualidade que se molda ao tempo e ao espaço adquirindo significados distintos de sociedade para sociedade. Apesar de todas as contribuições do historiador para o tema, percebeu-se que existe uma grande resistência por parte do profissional, além de outras dificuldades como a falta de material especializado.
Palavras Chave: sexualidade, história, metodologia


INTRODUÇÃO
O papel da escola na sociedade tem sido tema de debate nos últimos meses de 2018 e meados de 2019.  O como e porquê abordar questões como a sexualidade tem motivado vários destes debates. A crença intimamente incrustada e massivamente difundida na sociedade brasileira é a de que certos assuntos devem permanecer bem longe dos muros da escola, entendida unicamente como um centro de formação de bons profissionais e não como um de formação humana. Tal visão sobre o papel que a escola deve ter na vida das pessoas, muitas vezes gera resistência quando se tenta trabalhar o tema das sexualidades.
Uma escola que se preocupa apenas com o homo faber[1] é uma instituição limitante e alienadora por não proporcionar ao educando os elementos necessários ao desenvolvimento de toda a potencialidade humana. Tal instituição, então, não é capaz de formar boas pessoas, nem bons cidadãos ou mesmo bons profissionais.
Numa escola com proposta de ensino mais humanista, todos os assuntos que representam o desenvolvimento do pensamento humano devem ser encarados como relevantes e trabalhados com metodologia adequada. Dentre estes, óbvio, a sexualidade é parte indeletável.
A escolha por este tema surgiu de uma série de reflexões que se deram logo após uma palestra sobre sexualidade, ministrada numa escola de Juína-MT, durante a formação continuada dos professores.
Diante da relevância do tema, foi pensado em como ele pode ser abordado nas aulas de História, uma vez que compreender a sexualidade como fenômeno histórico abre espaço para uma sexualidade que se molda ao tempo e ao espaço, o que é essencial para uma nova compreensão sobre o tema, quebra de paradigmas e revisão de velhos conceitos.



Mediante o exposto, acreditamos que o professor de história está melhor equipado para compreender a sexualidade como fenômeno histórico, ao poder observar em detalhes todas as nuances que levam à mudança de significação e conceitos. Esta abordagem, cremos, explica porque o tema pode e deve ser abordado nas aulas de História e não somente nas de ciências, como normalmente ocorre nas escolas.

1-     A SEXUALIDADE COMO FENÔMENO HISTÓRICO
Scott (1994) observa que a sexualidade é um fenômeno “produzido, reproduzido e transformado em diferentes situações ao longo do tempo”. Sendo assim, é possível identificar como o tema foi tratado por diferentes povos, em diferentes tempos.
Na Antiguidade, de forma oposta ao que acontece na nossa era, o sexo era encarado como parte da vida religiosa. Para um antigo egípcio, por exemplo, o ser humano pratica o sexo, porque os próprios deuses o praticam. A vida humana, portanto, é uma repetição em pequena escala do que acontece em grande escala no mundo dos deuses. (SILVA, 2009)
Na Atenas do século V a.c. a sexualidade foi socialmente construída para atender as necessidades “do cidadão adulto homem, cujo corpo era o foco de todo o poder no estado” (ARKINS, 1994). Mulheres, estrangeiros, escravos e meninos aristocratas na adolescência existiam para a gratificação sexual do cidadão ateniense: mulheres da aristocracia tinham a função de prover rebentos legítimos. As demais, como prostitutas, cortesãs, concubinas e escravas, eram considerados sexualmente disponíveis, bem como meninos da idade entre 12 a 18 anos.





Podemos, assim sendo, perceber que em Atenas a sexualidade tornou-se um símbolo da organização social da época:
Para os gregos, o ato sexual não é mútuo – tomando lugar entre dois adultos consensuais –, mas profundamente polarizado, envolvendo dominação hierárquica; no discurso masculino, o sexo é algo que você faz para alguém. Para ser específico: o sexo toma lugar entre um protagonista ativo, penetrante, que possui o falo, e uma pessoa passiva, penetrada. Esses papéis de ativo e passivo no sexo correlacionam-se precisamente com os status sociais de superior e inferior: o indivíduo superior é o cidadão adulto homem, que pode ter relações sexuais) apenas com seus inferiores, com mulheres, escravos, estrangeiros ou garotos. (ARKINS, 1994)
 
 Tal concepção da sexualidade seria totalmente modificada durante a Idade Média, onde os valores mais desejados foram a virgindade e a castidade (JUNIOR, 2006).
Novamente, podemos perceber como a vida cotidiana era encarada uma repetição do que acontece no plano divino, onde o ser humano reproduz o comportamento de um Deus casto.
Foi um período onde o sexo fora severamente vigiado pela Igreja, que “ensinava e determinava o como, o onde, com quem e os fins em que as relações sexuais deveriam ser feitas entre os casais” (JUNIOR, 2006).

Se durante toda a Idade Média imperou a ideia de que o sexo aceitável era aquele unicamente voltado para a procriação, durante o período do renascimento tal concepção se modifica totalmente de tal maneira que podemos perceber que o “o prazer ganha espaço em detrimento do sexo procriador. ”  (GASPERI, 2010)

Vainfas (1997), ainda, observa o aumento da pratica do homoerotismo na Itália renascentista ao ponto de o ato ficar conhecido pela alcunha de Vicio Italiano.





É possível, ainda, perceber os processos históricos que transformaram a sexualidade num assunto tabu, motivo de vergonha no ocidente, bem como a reviravolta nos anos 60 com a revolução sexual. De lá para cá, as transformações não pararam e a sexualidade foi vista como pecado, como ferramenta política para controle social, fonte de prazer físico e até espiritual. (MOLINA, 2011)
Compreende-se, assim, como o tema da sexualidade ultrapassa o aspecto puramente biológico e reprodutor, podendo ser compreendido como fenômeno histórico, ganhando significados distintos através do tempo.
O professor de história ao trabalhar este tema em suas aulas, pode propiciar aos seus alunos o entendimento destas transformações, contribuir para a mudança de paradigmas e quebra de preconceitos ao demostrar que a sexualidade nunca foi um fenômeno fixo e ausente de significado para o ser humano.

1.1 – O PROFESSOR DE HISTÓRIA E O TEMA DA SEXUALIDADE
De acordo com o Ministério da Educação, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) são diretrizes que devem servir como base das matrizes curriculares das escolas brasileiras. Estão divididos por disciplinas:  Matemática, Língua Portuguesa, História e Geografia, Ciências Naturais, Educação Física e Arte. Neles também existem os temas transversais: Ética, Meio ambiente e Saúde, Pluralidade cultural e Orientação sexual (Brasil, 1997). Em nossa análise, percebemos que não há uma orientação muito aprofundada de como temas transversais como, a sexualidade, podem ser trabalhadas com disciplinas escolares, como a História, muito embora, como já destacamos, entender a sexualidade enquanto processo histórico seja imprescindível para entender como cada tempo histórico cria seus próprios significados sobre o tema, o que eleva nosso entendimento sobre a sexualidade humana, muitas vezes deixando cair por terra velhos conceitos, preconceitos e estereótipos.



Assim, o professor de História pode e deve trabalhar sobre este tema em suas aulas. Para tanto, deve se aprofundar no assunto em busca de esclarecimento que lhe permitam refletir sobre a sua própria sexualidade a medida que seus próprios conceitos, preconceitos e estereótipos vão sendo mudados.
Também é preciso superar o entendimento de que sexualidade na escola esteja restrito à “prevenção das DST/ Aids e assuntos correlatos. ” (SILVA; SILVA, 2016)
Outro desafio a ser levado em consideração pelo professor de história diz respeito a relação escola-aluno-família, pois muitas dificuldades ao se trabalhar com esta temática em sala de aula têm origem no seio familiar. Para muitas famílias brasileiras, a sexualidade é ainda um assunto proibido, fonte de constrangimentos e muitas dúvidas. Tal desinformação, muitas vezes, dão vazão para muitos tipos de mitos e preconceitos.
Além disto, o entendimento que as famílias têm do papel da escola na vida de seus filhos, pode oferecer dificuldades ao trabalho do professor. Para superar tais problemas, o profissional deve contar com a ajuda da comunidade escolar que, pode atuar por meio de campanhas de conscientização e, também, convidando as famílias para participar dos trabalhos na escola.
Estabelecido estes parâmetros, o professor de história buscará a metodologia que melhor de adeque ao tipo de abordagem. Para este projeto sugerimos, dentro da pedagogia ativa, o Método IVAM (Investigação, Visão, Ação e Mudança) (VILAÇA, 2012)







2 – MÉTODO DE ABORDAGEM
Ao se trabalhar com o tema da sexualidade nas aulas de História, é possível fazer uso das Orientações Técnicas da UNESCO, desenvolvida em parceria com profissionais de várias partes do mundo.
De acordo com tais orientações, a educação em sexualidade deve sempre destacar as dimensões físicas, psicológicas, espirituais, sociais, políticas, econômicas e culturais da sexualidade humana (UNESCO, 2009 a)
Deve, ainda, levar ao entendimento da diversidade sexual como uma característica essencial humana e mostrar que o comportamento sexual varia de sociedade para sociedade evitando, sempre que possível, excluir do debate outros tipos de condutas. Para cumprir tal objetivo, o professor de História deverá trabalhar com diversos períodos históricos, mostrando as modificações que ocorrem com o passar no tempo, destacando o caráter cíclico da história.

Os objetivos a serem alcançados na atividade educativa em sexualidade serão:
Aumentar o conhecimento e a compreensão sobre a sexualidade; explicar e esclarecer sentimentos, valores e atitudes; desenvolver ou reforçar as competências; e promover e manter comportamentos de redução de risco. Os programas deverão basearse na visão que a ameaça à vida e bemestar das crianças e jovens existe numa grande variedade de contextos, nomeadamente na forma de relacionamentos abusivos, riscos de saúde associados com a gravidez indesejada precoce, a exposição às DSTs, incluindo VIH ou o estigma e a discriminação por causa da sua orientação sexual. (VILAÇA, 2012)

Munidos de tais informações, o trabalho de pesquisa foi realizado na escola CEJA ALTERNATIVO, localizado na cidade de Juína, Estado do Mato Grosso. Um plano de aula foi elaborado pelo professor de História na instituição, baseado na metodologia IVAM.



Esta metodologia foi criada pelo investigador norueguês, Bjarne Bruum Jensen e, segundo Vilaça (2012) pode ser usado como instrumento prático nas escolas, visando desenvolver nos alunos uma “competência para a ação”, ou seja, a habilidade para uma atividade reflexiva que leve a uma mudança positiva no estilo de vida. Os quatro pilares da metodologia IVAM são: Investigação, Visão, Ação e Mudança.

Figura 1: Metodologia IVAM (VILAÇA, 2012)

O grupo escolhido para o trabalho foi a turma do período matutino, composta por 11 adolescentes na faixa de 15 anos de idade.  





Após uma breve explanação, onde os alunos puderam compreender como a sexualidade assume posições e significados diferentes de sociedade para sociedade e de tempo histórico para tempo histórico, os educandos puderam perceber o caráter cíclico do comportamento sexual humano: aquilo que era visto como aceitável em tempos remotos, pode não o ser para a contemporaneidade e aquilo que é visto como normal para os padrões atuais não o seria há tempos atrás. Ainda, aquilo que foi usual e corriqueiro em tempo imemoriáveis e não o é atualmente, pode um dia voltar a ser praticado. Pretendeu-se, aqui, lançar as bases que permitirão aos alunos desenvolver os frutos da tolerância e da reavaliação de conceitos e preconceitos.
Em seguida, em conjunto com o professor, os alunos criaram uma lista de assuntos que representam suas principais dúvidas e curiosidades sobre o tema das sexualidades.  Os assuntos escolhidos foram: DST (AIDS, HPV, Herpes, Gonorreia, outras); mudanças no corpo do homem e da mulher na adolescência; abuso sexual; aborto; formas de Evitar Gravidez (métodos contraceptivos); orientação Sexual (heterossexual, homossexual e bissexual); namoro.
Após definidos os temas e separados os grupos, os alunos iniciaram os trabalhos pela primeira fase, Investigação, onde refletiram sobre o tema escolhido: Por que este tema é importante para você? Porque é importante para os outros? Quais as principais dificuldades encontradas ao se lidar com este tema? Desta maneira puderam caminhar para uma percepção mais acurada sobre o problema, cuja solução estavam buscando.
Na segunda fase, Visão, os alunos realizaram uma pesquisa no laboratório de informática, no intuído de esclarecer como o problema é encarado pela geração atual, bem como pelas sociedades mais antigas, perpassando por vários períodos históricos.
Após esta pesquisa, os alunos passaram para a próxima fase, Ação, onde puderam sugerir soluções criativas para as dificuldades encontradas.




Por fim, na fase da Modificação, baseados em todas as informações coletadas, os alunos refletiram sobre novas posturas que podem ser assumidas em relação ao problema.
A culminância dos trabalhos se deu com a elaboração de cartazes e exposição dos mesmos para aos demais alunos.

3 – ANALISANDO OS RESULTADOS

O tema das sexualidades trabalhado nas aulas de História, mostrou-se uma novidade para a maioria dos alunos. A aula iniciou com uma breve exposição de como a sexualidade pode ser entendida como um fenômeno histórico, gerando muita curiosidade nos educandos que reagiram fazendo perguntas.
 Ao abordarmos sobre como cada época e sociedade enxergava a questões como heterossexualidade, homossexualidade e bissexualidade, imediatamente fizeram um paralelo com a época atual, hora apontando as diferenças, hora as semelhanças, o que ficou evidenciado por meio dos comentários realizados durante a exposição.
Após esta rápida apresentação, o professor pediu para que os alunos sugerissem os temas para o início da pesquisa. Neste momento ficou demonstrado quais assuntos mais despertam o interesse.
Em seguida, foi entregue a cada aluno uma ficha contendo perguntas, cada qual representando uma etapa do método IVAM (Investigação, Visão, Ação e Mudança)
Organizados em grupos e orientados pelo professor, cada grupo escolheu um tema para trabalhar e, em seguida, os educandos iniciaram as reflexões anotando suas conclusões na ficha. A metodologia IVAM mostrou-se bastante apropriada ao permitir que o aluno se torne o protagonista de sua própria aprendizagem.


No laboratório de informática, os grupos pesquisaram os aspectos históricos dos temas que escolheram. Puderam, assim, compreender as mudanças ocorridas ao longo do tempo. Nesta fase, ficou também claro como a sexualidade pode ser usada como instrumento político e controle social.
Ainda, os alunos tiveram a oportunidade de investigar os principais problemas relativos ao tema escolhido e, também, apontar soluções criativas para os mesmos. Ao final, todos partilharam os resultados de suas pesquisas com os colegas.
Foi pedido para que os alunos relatassem suas impressões em relação aos trabalhos realizados que, em sua maioria, foram boas. Percebeu-se, ao concluirmos esta fase do projeto, que um bom planejamento faz com que o tema da sexualidade funcione apropriadamente nas aulas de História, resultando em conhecimentos relevantes para os alunos.
Uma das principais vantagens da metodologia escolhida para este trabalho foi o protagonismo do aluno, que escolheu o tema de seu interesse e passou por todas as fases do processo. Este tipo de metodologia colocou o aluno como o agente de sua própria educação e não como apenas um receptor passivo, o que abriu as portas para uma atividade educativa de mais significação.
Outro ponto que merece ser destacado a respeito da metodologia utilizada é a oportunidade que ela deu aos alunos de refletirem sobre a sua própria conduta em relação ao tema escolhido e o que ele pode efetivamente fazer para melhorar, o que traz o assunto para dentro da realidade do educando.
Entre os professores que participaram da pesquisa respondendo ao questionário, ficou evidente a necessidade de uma reflexão sobre as contribuições da História para o tema.  Identificamos durante os trabalhos que mesmo entre os professores, a sexualidade ainda é um assunto tabu, principalmente quando direcionado a jovens, mesmo que muitos deles já possuam vida sexual ativa. Ambos os profissionais declararam que jamais consideraram a possibilidade de planejarem uma aula especificamente sobre este assunto, ainda que sejam a favor de sua abordagem em sala de aula.


 A maior dificuldade, de acordo com um dos participantes, é a falta de materiais que facilitem e orientem os trabalhos especificamente para o historiador. Um deles, aliás, lembrou que os livros didáticos, em sua maioria, nada trazem sobre o assunto e quando o fazem, é de forma muito genérica, de maneira que não fornece ao profissional um bom apoio para o planejamento das suas aulas. Ambos também concordam que falta um trabalho específico na formação de professores de História, levando-se em consideração a importância do tema para a sociedade e o papel que a escola possui enquanto agente formador.


4- CONCLUSÃO
Na escola não devem existir assuntos tabus. Ela, a escola, deve sim, ser um lugar onde todos os tipos de conhecimentos produzidos pelo ser humano podem ser debatidos, estudados e analisados com rigor científico, visando o esclarecimento e o aprendizado. O entendimento que a sociedade brasileira possui da escola: sobre seu papel e seus limites, muitas vezes dificulta o trabalho de uma instituição que deveria estar comprometida com a formação do ser humano por completo.
De todos os trabalhos que deveriam ser realizados na escola em sua busca por uma formação mais holística, aqueles relacionados com a sexualidade é um dos que mais oferecem desafios a serem superados.
Falta compreensão, o entendimento de que a transposição didática do saber científico sobre a sexualidade difere do “falar sobre sexo”, de forma vulgar e não científica. Tal confusão é profunda não somente entre pais e alunos, mas abrange também professores e, muitas vezes, para o próprio sistema educacional brasileiro tal diferenciação se torna nebulosa.




O papel do professor de História neste processo é essencial, uma vez que compreender a sexualidade como fenômeno histórico abre espaço para uma sexualidade que se molda ao tempo e ao espaço com significados e simbolismo que mudam através nas eras, contribuindo, assim, para a quebra de estereótipos.
Concluímos, daí, que o professor de História pode e deve trabalhar sobre este tema em suas aulas, buscando as melhores metodologias para um melhor aproveitamento por parte dos educandos.

REFERÊNCIAS


 ARKINS, Brian. Sexuality in Fifth Century Athens. Classics Ireland:  1994.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental. Temas transversais. Brasília, MEC/ SEF, 1998. 436 p.

FRANCO JUNIOR, Hilário. A idade média: nascimento do ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2006.
GASPERI, José Alexandre. A sexualidade frente a moral cristã: condutas e influências levadas ao Brasil colônia. Vale do Itajaí: UNIVALI, 2010
MOLINA, Luana Pagano Peres. Gênero, Sexualidade e Ensino de História: a construção de um diálogo. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011
SILVA, Giovani José; SILVA, Jaime de Sousa. Ensino de História e Orientação Sexual: uma reflexão sobre sexualidade da escola a partir das contribuições da psicologia social e da teoria Queer.  História & Ensino, Londrina, v. 22, n. 2, p. 73-94, jul./dez. 2016

SILVA, Josiane Gomes. História da sexualidade no Antigo Egito. Rio Grande do Norte: UFRN, 2009


UNESCO). International technical guidance on sexuality education: Rationale for sexuality education (Vol. I). Paris: UNESCO, 2009

VAINFAS, Ronaldo. Trópico dos pecados: moral, sexualidade e inquisição no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997

VILAÇA, Teresa. Metodologia de Ensino para uma sexualidade positiva e responsável. Braga, CFFH: 2012.


[1] Termo criado pelo romano Appius Claudius Caecus em referência ao “Homem que trabalha”

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

A mão invisível e o meio ambiente

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De todos os temas atualmente em voga, o que mais preocupa as pessoas são os relacionados ao meio ambiente. Este texto tem como objetivo promover uma reflexão sobre o papel do Estado, o livre comércio e suas relações com as questões ambientais.

É cultural na sociedade brasileira a crença de que o Estado deve fornecer toda a condição para a sobrevivência do povo: educação, saúde, segurança, emprego, ajuda aos mais necessitados e, é claro, a preservação da natureza.

O que temos visto diante de tal dependência é uma instituição cada vez mais agigantada e onerosa e o aumento do poder concedido à classe política, que se torna mais privilegiada e imoral.

Em resumo: quanto mais responsabilidades são colocadas nas mãos do Estado, mais caro ele se torna ao seu povo, além de mais opressor e corrupto. Sem esquecer o fato de que não são poucas as vezes em que ele se mostra totalmente incompetente em fornecer os serviços tão necessários às pessoas.
Pensando na atuação do Estado na preservação do meio ambiente, podemos observar todas as desvantagens com as quais ele pode deprimir a sociedade.

Quando, por exemplo, o Estado se apossa de uma região com o objetivo de preservação do meio ambiente, todo o custo para manutenção desta área será passado para a sofrida população em forma de taxas e impostos.  E é a mesma população que, se quiser visitar um parque nacional, por exemplo, terá que desembolsar o valor do ingresso.  Lembrando que a preservação de tal área de forma alguma é garantida.

Até aqui estamos lidando com a hipótese do Estado tomando posse de terras sem dono. Mas, quando a pretensa área de preservação o possui, a situação tende a piorar, pois o Estado muitas vezes irá se utilizar de vários dispositivos no intuito de desapropriação, quer seja apelando para o poder político do domínio eminente, quer seja usando da força e até mesmo da violência.  É possível perceber que, em ambos os casos, quem mais saiu perdendo foi a população: roubada, expropriada, nem ao menos tendo garantias de que a área a qual o Estado se apropriou, será preservada de fato. Basta uma rápida pesquisa no Google para constatar a situação em que se encontra o Parque Nacional da Serra da Capivara ou o Parque Nacional da Tijuca, por exemplo.

Deveríamos, pois, delegar ao Estado a responsabilidade de administrar tais áreas? Haveria alguma alternativa viável?

O grande problema destas áreas administradas pelo Estado é que elas precisam de uma quantidade grande de recursos advindo de uma sociedade já sobrecarregada de obrigações. Quando os recursos faltam, a solução normalmente buscada pelo Estado costuma ser mais prejudicial do que o problema original e, invariavelmente, inclui pesar a mão ainda mais no bolso dos trabalhadores.  
É preciso ter coragem. Coragem de sair debaixo das “asas protetoras do Estado”. Coragem para tentar algo novo.

A lógica de mercado aposta na livre concorrência, na satisfação de mútuas necessidades, no desejo de lucro que motiva o indivíduo a buscar qualidade.

Um empresário não irá onerar toda uma população. Ele irá investir em sua propriedade para que ela se torne lucrativa. Num mercado competitivo, ele sabe que se sua propriedade não estiver em boas condições, as pessoas não irão querer visitá-la e irão optar por outro lugar. Então, ele irá pesquisar, contratar, estudar, investir e fazer tudo o que for necessário para manter a sua propriedade e fonte de lucros em perfeitas condições.

Se uma determinada espécie de planta ou animal entrar extinção, para aquele empresário será uma grande tragédia! Pense em quantos clientes descontes! Este empresário poderá entrar em ruina absoluta!  Para evitar isso, ele irá investir pesado na preservação de espécies.
Isso não é utopia. É a mão invisível da liberdade econômica e da livre concorrência agindo em sua plena potencialidade.  

Quem ama a natureza, a privatiza.

quinta-feira, 25 de abril de 2019

ABIGALADAS





No dia 24/04, aqui em Juína, Mato Grosso, fui convidado para um evento organizado pelo sindicato dos professores. Uma reunião onde a principal pauta foi a reforma da previdência. Como sou completamente avesso a QUASE tudo o que é defendido pelo sindicato, lá fui eu, com o meu psicológico preparado, firme no objetivo de passar por tudo com o mínimo de stress possível.

A reunião aconteceu em uma escola pública perto de minha casa. Achei ótimo, pois pude me deslocar a pé até o local. Ao chegar, passei pelas mesas que estavam dispostas na entrada que dava acesso ao pátio.  Quando dei de cara com a bandeira da CUT pendurada próximo a caixa de som, imediatamente invoquei um “campo de força místico”, a fim me proteger das “setas inflamadas do maligno”. Com certeza, chumbo grosso seria disparado ali.

Tomei um lugar próximos das primeiras filas e cumprimentei alguns colegas que já estavam ali, aguardando o início. Peguei um folheto que haviam colocado nos assentos, respirei fundo, rezei dez pais-nossos e trinta ave Marias. Entre muitas barbaridades que ali estavam escritas, havia umas sérias críticas a escola militar. Uma delas, pasmem, é o preço dos uniformes! Afinal de contas, pouco interessa se a dita cuja apresenta ótimos resultados no quesito qualidade de educação, não é mesmo?

É engraçado como tratam essa questão da escola militar: como se todos fossem obrigados estudar em uma! Dizem que é antidemocrático, quando qualquer um pode entrar mediante concurso público. Para mim, esse pessoal tem é medo que sua incompetência fique em evidência quando comparado com os ótimos resultados que escola militarizada tem em todo o pais. Ademais, quem for avesso à disciplina militar pode muito bem continuar numa escola pública, sem problemas, ora pois!

O palestrante era Paulo Augusto Abigail, petista convicto, de fala mansa, distinto, articulado e muito carismático. Fez com que a reunião fosse menos chata do que poderia ser. Iniciou sua fala dizendo que todos os nossos problemas começaram na eleição de 2018. A barreira mística, passou, então, pelo seu primeiro teste de resistência. Aguentei firme.

Continuou dizendo que a campanha eleitoral do atual presidente foi marcada por discurso de ódio e violência contra aqueles que vestiam a camiseta vermelha. Abigail só se esqueceu que quem levou a facada, estava usando camisa verde e amarela.

Ao falar sobre a previdência, iniciou com a velha inverdade de que não existe rombo, de que o governo calculou errado, que na verdade o rombo foi apenas criado pelo governo que não pagou as “dívidas inativas”. Um discurso irrelevante na verdade, pois se o governo tem que pagar dívidas inativas, de onde que sairá o dinheiro a não ser do bolso do trabalhador por meio dos impostos? Ou talvez o articulado Abigail ache melhor pegar dinheiro emprestado dos bancos e individuar ainda mais o governo, sobrando novamente para o bolso do trabalhador. Ou, ainda, para o simpático Abigail, a solução seja simplesmente imprimir dinheiro, diminuindo o seu valor e aumentando o preço dos produtos, onerando, mais uma vez, o pobre trabalhador.   Fiquei curioso para saber a solução “abigalesca” para o impasse.

Abigail, o distinto, continuou “mandando a real” sobre a previdência, dizendo que se ela for aprovada o pobre irá ter que trabalhar mais, pois não será possível a aposentadoria por tempo de contribuição. Abigail novamente se esqueceu de que a maioria da população mais pobre, já se aposenta por idade e não por tempo de contribuição. Tal medida, portanto, afeta somente pessoas que possuem salários maiores. Essas, poderiam até achar injusto ter que trabalhar mais tempo, mesmo já tento cumprido o tempo de contribuição. Todavia, vale lembrar que aposentadoria é um seguro contra a velhice e não faz o mínimo sentido a pessoa receber tal coisa sem ter alcançado esta fase da vida. Tal proposta, na verdade, iguala quem recebe menos e quem recebe mais. Não era igualdade que queriam? Pois, então...

Até aqui, a barreira mística continuava firme e forte. Então, Abigail, o petista, passou a falar sobre o Benefício de Prestação Continuada, criticando os 400 reais que aquele pobre trabalhador ganharia, por não ter conseguido contribuir com a previdência. Sem tal benefício, este mesmo pobre trabalhador receberia: nada, zero, niente. Isso mesmo! Abigail acha absurdo que um pobre trabalhador receba 400 reais. Talvez, ele ache melhor que o mesmo continue recebendo nada, zero, niente! Golpe duro no campo de força místico. Mas mantive-me firme e forte, para ver o que viria a seguir.  

Abigail, o de fala mansa, então, passou a discorrer sobre a propostas de previdência para as próximas gerações, que consiste numa alternativa ao atual modelo. É o modelo de capitalização, o qual o carismático Abigail, insistia em chamar, humoristicamente, de “capetalização”.  Abigail, claro, não quis entrar em detalhes sobre os problemas do atual modelo, que não passa de uma pirâmide financeira e, que no fim, prejudica justamente o que estão na base da pirâmide, a saber, o trabalhador mais pobre. Nem, tampouco, se prontificou a explicar para a plateia cativa, que com as atuais mudanças demográficas este modelo tenderá a entrar em colapso em pouco tempo, o que torna a questão previdenciária A MAIS URGENTE QUESTÃO A SER RESOLVIDA, O QUANTO ANTES.

Para “capetalizar” o sistema de capitalização, o palestrante destacou os exemplos do Chile, como se o modelo deste país fosse o único existente. Ademais, o erro dos chilenos foi não dar opções para que os trabalhadores pudessem ter mais rendimentos de seu dinheiro, coisa que o Brasil pode evitar, aprendendo com os erros que foram cometidos.

A esta altura, já estava quase me rendendo. A barreira mística foi estilhaçada quando Abigail, petista convicto, de fala mansa, distinto, articulado e muito carismático, começou a falar da inocência do Lula. Aí, meus amigos, “as setas inflamadas do maligno” me acertaram em cheio.  Vesti meu boné e sai a passos apressados da palestra, imaginando quantas pessoas ali presentes estariam se deixando dominar por tamanho partidarismo, meias verdades, falácias e mentiras deliberadas.

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

REFORMA PROTESTANTE: BENEFÍCIOS E MALEFÍCIOS PARA A EDUCAÇÃO NA REVOLUÇÃO DE LUTERO


Resumo


Antes mesmo de Teodósio I, imperador de Roma, instituir o cristianismo religião oficial do Império Romano em 380 por meio do Édito de Tessalônica, não eram desconhecidas comunidades de cristãos que não se identificavam com a religião organizada. Eram cátaros, valdenses, albigenses e anabatistas que no decorrer da história, por não partilharem das mesmas crenças da religião institucionalizada pelo Estado, receberam o título de hereges. A palavra “heresia”, deriva do latim “haeresis”, que, por sua vez se origina do grego “haíresis” que significa “Capacidade de escolher”. A Reforma Protestante do século XVI, também considerada na época um movimento herege, não se compara em termos de influência aos primeiros dissidentes. Seu alcance foi muito maior, abarcando além da religião, a economia, a filosofia, a política e a educação. Este trabalho terá como foco as influências da Reforma na Educação que foram introduzidas por Martinho Lutero, um dos seus principais personagens. Ao ser excomungado em 1521, através da bula papal Decet romanum pontificem, Lutero liderou um movimento de reforma do cristianismo, no qual a Educação possuía uma importância central, visto o destaque que a leitura e interpretação da Bíblia possuía para os reformistas. Mostraremos, ainda, como tais modificações nas práticas educativas promovidas por Lutero trouxeram à existência uma cultura alemã. Por fim, identificaremos os elementos educacionais luteranos que ainda hoje persistem na educação moderna.   
Palavras chaves: Reforma Protestante, Martinho Lutero, Educação, Cristianismo.












ABSTRACT
Even before Theodosius I, emperor of Rome, instituted the Christianity official religion of the Roman Empire in 380 by the Edict of Thessalonica, were not unknown community of Christians who did not identify with organized religion. They were Cathars, Waldensians, Albigenses, and Anabaptists who, in the course of history, for not sharing the same beliefs of religion institutionalized by the State, were given the title of heretics. The word "heresy" derives from the Latin "haeresis", which in turn originates from the Greek "haíresis" which means "Ability to choose". The Protestant Reformation of the sixteenth century, also considered at the time a heretical movement, does not compare in terms of influence to the first dissidents. Its scope was far greater, encompassing religion, economics, philosophy, politics, and education. This work will focus on the influences of the Reform in Education that were introduced by Martin Luther, one of its main characters. When he was excommunicated in 1521, through the papal bull Decet romanum pontificem, Luther led a movement of reform of Christianity, in which Education had a central importance, given the prominence that the reading and interpretation of the Bible had for reformers. We will also show how such changes in the educational practices promoted by Luther brought to the existence a German culture. Finally, we will identify the Lutheran educational elements that still persist in modern education today.
Keywords: Protestant Reformation, Martin Luther, Education, Christianity.








Introdução


As profundas mudanças de ordem social, econômica, política e religiosa que ocorreram na Europa do século XVI e que se convencionou chamar de Reforma Protestante, foi a culminância de diversos acontecimentos históricos (MATOS, 2016).
O Sistema Feudal que predominou na Europa desde o século V, sofreria enormes modificações a partir do século XIV:  aumento da população que impossibilitava o trabalho agrícola forçando a saída dos camponeses que se mudavam para as cidades, guerras, pestes, chuvas torrenciais que prejudicavam as colheitas, rebeliões camponesas como as jaquerries na França que empobreciam cada vez mais os nobres.
Em contrapartida, uma vez desfrutando das comodidades da vida nos burgos,[1] ex-camponeses convertidos em sapateiros, ferreiros, alfaiates, carpinteiros, feirantes e banqueiros, acumulavam poder econômico transformando-se numa nova classe social.
Os burgueses possuíam poder econômico, mas lhes faltavam o político, o que dificultava suas atividades. Os nobres tinham terras desvalorizadas e poder político, necessitavam, porém, do dinheiro burguês para sobreviver.
Do mutualismo nobre-burguês surgiu uma das mais fascinantes criações humanas: as nações.
Cidades que floresciam, costumes que se modificavam, o estilo de vida burguês logo tomou conta da Europa. Novas prioridades, um novo foco. O Renascimento deslocara a atenção dos homens, de Deus para os próprios homens. Já os humanistas acreditavam na evolução do ser humano por meio da razão[2], do conhecimento. Fundaram universidades onde as pessoas podiam mergulhar no mundo da filosofia, da matemática e diversos outros assuntos.
Mas ao próspero burguês, contudo, faltava ainda algo: o apoio ideológico.
Para a maior representante do cristianismo daquele tempo, Igreja Católica, o lucro, os juros a acumulação de bens, era usura[3], o que estava totalmente na contramão dos desejos daqueles bem-sucedidos comerciantes.  Aos nobres, incomodava um clero que interferia na política enquanto acumulava cada vez mais poder. Por fim, os abusos e desvios cometidos por alguns representantes da igreja estimulavam as críticas dos que exigiam uma renovação de ordem religiosa. Um dos primeiros a realizar tais críticas foi o teólogo inglês John Wycliff (KNIGHT, ANGLIN, 1983). John Huss foi outro reformador antes da Reforma, que por suas críticas à corrupção e ao luxo dos clérigos foi martirizado em 1415.
Quando o alemão Martinho Lutero afixou suas 95 teses na igreja do Castelo de Wittenberg no dia 31 de outubro de 1515 dando início a Reforma Protestante, os burgueses que ansiavam por amparo ideológico não deixaram de perceber a oportunidade que ali nascia. Oportunidade que criou raízes não muito tempo depois, por meio do desenvolvimento da moral econômica calvinista.

Para Lutero a reforma da religião estava estritamente ligada à reforma da educação:

Lutero reformou a religião e participou do início da organização da educação moderna pública. As duas preocupações de Lutero, celebrar a missa no idioma do cristão e a possibilidade dele ler a bíblia, acabaram, no mínimo por democratizar o ensino que ao longo de toda a Antiguidade e Idade Média, sempre esteve restrito a pequenos grupos representantes de classes sociais mais privilegiadas pela sociedade.  (VARELA, 2014, pg.238)

Tal preocupação resultou numa verdadeira revolução na Educação, ajudando a moldar o que conhecemos como cultua alemã nos dias atuais. Além disso, certos elementos contidos nas propostas educativas de Martinho Lutero se fazem presentes em épocas contemporâneas e em várias partes do mundo inclusive no Brasil.
Nas próximas linhas tentaremos compreender a profundidade de tais modificações introduzidas por Lutero e suas influencias que se fazem sentir no mundo atual.



  

Capítulo 1: Martinho Lutero

 

Nascido em Eisleben, Saxônia, no ano de 1483. Quando completou a idade adequada ingressou na Universidade de Erfurt (FEBVRE, 2012). Por influência de um ancião agostiniano passou a rever suas crenças a respeito da salvação e da remissão dos pecados.
Em 1508 transfere-se para a universidade de um certo Staupitius, a pedido do próprio, onde continua a dedicar-se aos estudos teológicos dentre outras atividades. Tinha, então, vinte e seis anos de idade. Três anos mais tarde recebe o título de doutor.
Em 1516 com o intuito de financiar as cruzadas, o Papa Leão X inicia a distribuição de perdão, arrecadando riquezas. Inúmeros encarregados pela coleta se espalham pela Europa, oferecendo a libertação de almas do purgatório por 10 xelins. Tetzel, frade dominicano, é o mais impetuoso dos coletores. Seus sermões considerados blasfemos[4] ascendem a indignação de Martinho Lutero, que em represália escreve 95 críticas à Igreja, afixando-as no dia seguinte à porta do templo adjacente ao castelo de Wittenberg. Era o dia 31 de outubro de 1517.
Intimado a dar explicações de sua conduta, foi a Roma. Após várias audiências com autoridades da Igreja, por sua obstinação e recusa em se retratar foi excomungado da Igreja Católica junto com seus seguidores, doravante chamados luteranos, por meio da bula Decet romanum pontificem de 1521. Perseguido e obrigado a viver as escondidas somente não foi preso e executado devido a proteção do nobre Duque Frederico.
Protegido, trabalhava na tradução da Bíblia para o alemão, obra marcante para a nação e para a literatura alemã (CARPEAUX, 1963) bem como em diversos outros livros onde defendia ideias como o fim da pobreza e mendicância voluntária dos sacerdotes, que os casos de heresia deveriam ser julgados por meio de provas nas Escrituras e que as crianças deveriam ser alfabetizadas por meio do Evangelho.
Em 1546, estando escondido e protegido por alguns príncipes da Saxônia, Lutero já estava escrevendo e fazendo sermões há vinte e nove anos, tendo falecido neste mesmo ano em Eisleben.
Para o historiador Otto Maria Carpeaux (1963), Lutero foi a personalidade mais influente da literatura alemã, maior ainda que Goethe. Foi um patriota alemão, embora não tenha sido um nacionalista já que o conceito de nacionalismo ainda não existia nas mentes medievais. Foi o primeiro homem moderno cujo o espírito foi formado com a leitura da Bíblia e de Santo Tomás de Aquino. Foi também um dos grandes gênios religiosos da humanidade, que não deixou de transparecer os aspectos mais humanos:

Não foi um anjo da luz. Foi, como se disse na Alemanha do seu tempo, um Grobianus, homem grosseiro, lançando palavrões incríveis com a mesma paixão que dedicava à boa música e com que combateu cruelmente os pobres camponeses revoltados. Foi um grande alemão, quase santo e quase demoníaco.  (CARPEAOUX, 1963, pg. 20)


Em várias de suas obras demonstrou além do domínio perfeito do alemão, uma extraordinária capacidade jornalística. Também foi o maior tradutor de todos os tempos: em seus trabalhos de tradução do Antigo e do Novo Testamento, criou expressões e locuções bastante utilizadas no alemão moderno.
As ideias de Lutero sobre educação podem ser encontradas em diversos de seus livros (BARBOSA, 2011), cuja análise revela a existência tanto a organização do sistema de ensino, como a discussão de princípios específicos para a educação.
Além disso foi o primeiro a romper com a tradição e sugerir uma educação de responsabilidade do Estado ao invés da Igreja. Como veremos nas próximas linhas, essa abordagem desencadeará consequências positivas bem como negativas.
Antes, porém, com o objetivo de construir uma imagem mais clara das transformações promovidas por Lutero na Educação, será útil uma abordagem sobre a educação na Idade Média.



A Educação na Idade Média


O período de mil anos conhecido como Idade Média, se inicia com a queda de Roma no século V e termina no século XV com a queda do Império Romano do Oriente. (SCHNEIDER, 2007)
No imenso território outrora ocupado pelo Império Romano, depois ocupado por povos visigodos, ostrogodos, burgúndios, lombardos e francos, somente uma instituição romana resistiu, graças principalmente a habilidade dos clérigos de fazer acordos e alianças com os líderes invasores. O fato mais expressivo neste sentido, foi a conversão e o batismo do rei franco Clóvis em 508 d.C. Tal aliança alicerçou a influência da Igreja Católica na Europa que passou a ter grande domínio na sociedade, inclusive na educação.
A Educação medieval se caracteriza pelo controle da Igreja e pelo predomino das temáticas religiosas. O objetivo da prática educativa neste período é a defesa da fé cristã e a conversão dos não-cristãos. Todo o esforço era no sentido de unir a fé com a razão e a sua prática era limitada às igrejas e aos monastérios.
A Educação do período medieval pode ser dividido em duas tendências (SCHNEIDER, 2007): a Educação patrística que consistia na exposição racional da fé religiosa a Escolástica que pretendia explicar o cristianismo por meio da especulação filosófica.
 Desenvolvida pelos padres da Igreja, a educação patrística remonta ao período que antecede a queda do Império Romano e se preocupa principalmente com as relações existentes entre a fé a ciência. Por meio da filosofia platônica, visava desenvolver uma ética moral rigorosa e o controle racional das paixões. Seus principais representantes são Orígenes, Clemente de Alexandria e Tertuliano. Merece ainda, especial destaque os trabalhos de Agostinho de Hipona.

 A escolástica é fruto direto do Renascimento Carolíngio[5] (SCHNEIDER, 2007), uma vez que Carlos Magno fundou as escolas monacais numa tentativa de renovar a cultura de seu reino. Ainda era uma educação restrita aos monastérios e as igrejas, destinada a uma única parcela da população.
Era característica da educação escolástica a especulação filosófica-religiosa. Tomás de Aquino, o maior expoente deste tipo de educação, acreditava na existência de crenças que podiam ser provadas pela razão e também em crenças cuja falsidade ou não, não podiam ser provadas. Para Aquino não havia contradição entre a razão e a palavra revelada, sendo que quanto mais racional fosse a pessoa, mais cristã ela seria.
Ao longo do século XVI a educação escolástica começa a se tornar mais restrita, sofrendo um processo de dogmatização. O princípio da autoridade se torna o valor dominante e qualquer conceito que não estivesse de acordo à regra do magister dixit.[6]
Quando Martinho Lutero com suas 95 teses desencadeou o processo que chamamos de Reforma Protestante, esta era a configuração no campo da Educação.
Para os reformadores não bastava a mudança espiritual dos fiéis, pois buscavam também uma “base cultural sólida” (VALENTIN, 2010), que pressupunha uma mudança no sistema educacional medieval.
A seguir veremos as propostas de Lutero para a reformulação da educação.

  

Capítulo 2: Lutero e a Educação


Para além da reforma religiosa, as maiores preocupações de Lutero foram a possibilidade de os alemães lerem a Bíblia e assistir as missas, que eram ministradas em latim, no seu próprio idioma. Assim começaram os trabalhos para organizar a educação pública. (VARELA, 2014)
A maior característica desta nova prática educativa é a democratização, uma vez que a educação perpetrada na Idade Média era limitada aos mosteiros, monastérios e igrejas, bem como destinadas à pequenos grupos sociais mais distintos.
Outra grande característica do ensino proposto por Lutero é a ideia de que o Estado, e não a Igreja, fosse a responsável pelo oferecimento da Educação ao povo, lançando as bases do que depois se tornou o conceito do laicismo dois séculos antes da Revolução Francesa.
Em diversas oportunidades Lutero se posicionou a favor da educação enquanto um direito de todos:
 [...] na Carta aos conselheiros comunais de todas as cidades da Alemanha (1524); no Sermão sobre a necessidade de mandar os filhos à escola (1530), além de outros escritos de caráter religioso como o Grande e pequeno catecismo (1529).  (VARELA, 2014, pg. 239)

Ainda sobre os princípios educacionais de Lutero, o dever das autoridades municipais de criar e manter instituições de ensino parte do princípio de que a aprendizagem estritamente ligada a religião, iniciaria com a alfabetização/letramento por meio da Bíblia.
A base da educação proposta por Lutero eram as línguas: grego e hebraico, para possibilitar a compreensão adequada das Escrituras, e o alemão. A literatura cristã e pagã também era estudada, além das artes (música, pintura, escultura) e medicina.
Varela (2014) ainda destaca as considerações de Lutero a respeito dos professores, que deveriam possuir o perfeito equilíbrio entre severidade e amor.
Não deve ser olvidado os colaboradores de Lutero, dentre os quais, é lícito citar Valentin Trotzerdorf, criador do princípio da autonomia escolar.
Johannes Bugenhagen, além de ser considerado o fundador da escola secundária, é também criador da escola primária (VARELA, 2014)
Tendo suplantado a barreira da Alemanha, a Reforma Protestante atingiu mentes e formas distintas. Na França, na Suíça, na Bélgica e partes da Inglaterra houve influência de João Calvino. Na Inglaterra de Henrique VIII, o mesmo anglicanismo que reformou a religião criou inúmeros colégios para o ensino dos burgueses e cavaleiros pobres.
Democratização e liberdade foram as maiores conquistas da Reforma Protestante para a Educação. Todavia é necessário observar que o movimento de Lutero também criou precedentes não tão positivos, conforme mostraremos a seguir.

Aspectos negativos da Reforma Protestante


Se existe uma palavra que pode resumir a reforma proposta por Lutero esta palavra é “liberdade”. (JUSVIACK, WESTPHAL, 2016), pois sendo a natureza do ser humano pecaminosa, não há nada que ele possa fazer para alcançar a salvação. A salvação, pois, é uma graça exclusiva concedida por Deus mediante o sacrifício de Jesus Cristo. Não faz o menor sentido a Igreja se posicionar como mediadora entre o ser humano e Deus, visto que nada do que ela pode fazer é efetivo em termos de salvação. Seguindo este raciocínio Lutero conclui que a única função da Igreja é orientar os fiéis por meio das Escrituras, pois só nelas é que se pode encontrar a Verdade, podendo neste ponto abarcarmos a importância da educação para melhor compreendê-la. Sendo a Igreja apenas aquela que mostra o caminho, o cristão tem a possibilidade de exercer o livre arbítrio para alcançar o favor imerecido de Deus.



Se o cristão, pois, é livre em suas decisões espirituais, quanto mais nas temporais, como pontua  Jusviack e Westphal (2016, pg. 102) :

Lutero também rejeitava a pretensão do clero de exercer jurisdição sobre os assuntos temporais. O entendimento era de que a Igreja não possui nenhuma jurisdição, seja espiritual ou temporal. Sendo ambos os reinos regidos por Cristo, no reino espiritual cabe aos papas e bispos apenas ensinar a palavra d’Ele, ao passo que no reino terreno cabe às autoridades seculares governar os assuntos temporais, inclusive com poderes coercitivos.


Para Lutero era mister que o bom cristão fosse obediente à autoridade secular conforme orientado nas Escrituras[7]. Por conseguinte, às autoridades seculares são atribuídos papéis preponderantes:
A autoridade secular é instituída para ser uma tranca contra as forças do mal e deve ter a função de promover o bem para que a vida seja garantida, como a família, a economia, a educação, a política, ou seja, o estado secular, que não é determinado pelo âmbito religioso, tem a função de garantir o convívio social em todos os seus aspectos (JUSVIACK, WESTPHAL, 2016, pg.96)

Na Reforma Protestante, está, pois, a origem da separação entre Igreja e Estado.
Propagando-se pela Europa, o desenvolvimento de tais ideias criou reflexos na educação, agora submetida ao Estado ao invés da Igreja. Estado, que cada vez mais opressivo encontrou na educação uma eficiente máquina de propagação de ideias cujo objetivo máximo era manter o status quo.
Pode-se afirmar diante do que foi exposto, que na revolução de Lutero era central o papel da educação, e primordial a tarefa das escolas. Veremos, agora, quais elementos desta educação vigoram nos dias atuais.  



O legado da Reforma para a educação dos dias atuais


Na prática educativa da atualidade é possível identificar alguns elementos oriundos da Reforma Protestante: a noção da educação como responsabilidade do Estado, da escola pública enquanto uma instituição laica e de uma escola que ensina o dia-a-dia e não apenas abstrações intelectuais (Ramiro, 2012)
Lutero também acreditava, no tocante à educação infantil, que os conceitos poderiam ser melhor assimilados se a criança aprendesse brincando. “Aprender brincando” é algo amplamente praticado na pedagogia atual.
Em um de seus escritos, Lutero revela que considerava as escolas medievais verdadeiros purgatórios, onde os alunos eram “torturados” por meio de conjugações e declinações. Propunha, pois, que as línguas fossem ensinadas por meio de brincadeiras. Atualmente, o uso de jogos e brincadeiras faz parte da metodologia no ensino de línguas.
As mudanças introduzidas por Lutero atingem até mesmo a estrutura organizacional da educação:
Lutero não somente atinge a Igreja Católica com suas críticas, mas influencia a educação quando produz uma reestruturação no sistema de ensino alemão, inaugurando uma escola moderna. A ideia da escola pública e para todos, organizada em três grandes ciclos (fundamental, médio e superior) e voltada para o saber útil nasce do projeto educacional de Lutero. (FERRARI, 2005, p. 30-32)

Nota-se, que quinhentos anos depois da Reforma, a educação moderna ainda carrega sua influência nos genes.








Conclusão


A Reforma Protestante ocorrida na Europa do século XVI desencadeou mudanças estruturais profundas não apenas na religião, mas também na sociedade, na política, na economia e na educação.
Para atingir a mudança proposta pelos reformadores o campo educacional era essencial, tendo em vista a necessidade de o cristão ler e entender a Bíblia corretamente. Diante deste fato Martinho Lutero, o principal agente da reforma na Alemanha, propõe uma série de mudanças que rompem com a pratica educativa que foi característica durante toda a Idade Média.
Foram notórias as contribuições de Martinho Lutero para a educação: para além da religião, o reformador alemão é considerado o criador de toda uma cultura que começa com o desenvolvimento de um idioma e culmina em uma tradição literária alemã. Basicamente, o idioma falado da Alemanha de hoje é o alemão de Lutero. As mudanças introduzidas por Lutero na educação de sua época trouxeram à tona a democratização do ensino, a escola laica e o aprimoramento no ensino de idiomas, com metodologias cujos resquícios ainda podem ser observados nas escolas modernas. É dos seguidores de Lutero o conceito de educação infantil e de liberdade escolar.
Por outro lado, essas alterações tornaram possível o fortalecimento do Estado que aumentando o seu controle sobre a população deu origem aos primeiros focos de tirania, transformando a escola numa ferramenta de manutenção do poder estatal.
Sobre as características pessoais do reformador, a historiografia de que dispomos nos fornece um painel que vai de alto a baixo dependendo das convicções do pesquisador: para uns Lutero foi um degenerado, um traidor, o estereótipo do anticristo senão o próprio. Para outros foi um santo, um homem repleto de virtudes divinas.
Virtus in medium est.  O historiador Otto Maria Carpeaux, mostrou quem era Lutero neste mar de opiniões tão divergentes: um ser humano notável, que fez coisas terríveis e também maravilhosas, como somente seres humanos são capazes de fazer.
A pesquisa sobre os efeitos da Reforma Protestante sobre a educação é necessária, na medida em que promove uma reflexão sobre o papel da educação na sociedade, o papel do Estado e os valores que a escola deve transmitir para os alunos. Ademais, cabe aqui, também, propor uma reflexão sobre a participação da família neste processo, visto que ela, a família, é a base de todas as transformações que ocorrem na sociedade.

BIBLIOGRAFIA


BARBOSA, Luciane Muniz Ribeiro. Estado e Educação em Martinho Lutero: A origem do direito à Educação.  São Paulo: USP, 2011
CARPEOUX, Otto Maria. A história concisa da literatura alemã. São Paulo: Faro Editorial, 1963
FEBVRE, Lucien. Martinho Lutero, um destino. São Paulo: Três Estrelas, 2012
FERRARI, M. Erasmo de Roterdã, o pedagogo humanista. Nova Escola, São Paulo, n. 184, ago. 2005, disponível no site: http%3A%2F%2Frevistaescola.abril.com.br%2Fedicoes%2F0184%2Faberto%2Fmt_84862.shtml>, acessado no dia: 08/12/2017
JUSVIACK, Patrícia, WESTPHAL, Euler Renato. O Estado Moderno e a Reforma Protestante a partir da Interpretação de Quentin Skinner.  Santa Catarina: Revista Teológica Internacional, 2016
KNIGHT, A. E, ANGLIN, W. História do cristianismo. Rio de Janeiro: CPAD, 1983.
MATOS, Alderi Souza de. A Reforma Protestante Do Século XVI. Campinas: SPC, 2016
RAMIRO, Marcelo. A Reforma Protestante e sua contribuição para a educação moderna. São Paulo: UMSP, 2012, disponível no site: http://portal.metodista.br/fateo/noticias/a-reforma-protestante-e-sua-contribuicao-para-a-educacao-moderna, acessado no dia 07/12/17
SCHNEIDER, Cátia Regina de Oliveira. A Educação na Idade Média. Santa Catarina: UNIASSELVI, 2007
VARELA, Simone. Contribuições de Martinho à Educação. Aracaju: Interfaces científicas, 2014




[1] Durante a Idade Média o burgo era o lugar mais seguro para se viver, fora das muralhas dos feudos. Normalmente, o burgo era protegido por guarnições militares.
[2] Criou-se a ideia errônea de que a razão só ganhou importância a partir do humanismo, quando, na verdade, a razão já era considera algo de extrema importância desde a época da escolástica.
[3] Durante a Idade Média o pecado da usura era cometido por aqueles que enriqueciam por meio dos juros exorbitantes.
[4] Em suas pregações, Tetzel costumava dizer que a eficácia das indulgências poderia conceder perdão até mesmo a quem procurasse violar a própria mãe de Cristo.
[5] Série de medidas adotadas por Carlos Magno (742-814) no intuito de reformar a vida cultural do povo franco.
[6] Em latim, “O Mestre disse”. Neste caso a racionalidade é abandonada, pois a opinião e a autoridade do mestre sobre o assunto não pode ser questionada.
[7] Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele estabelecidas.
Portanto, aquele que se rebela contra a autoridade está se colocando contra o que Deus instituiu, e aqueles que assim procedem trazem condenação sobre si mesmos.

Romanos 13:1,2