quarta-feira, 24 de junho de 2020

O TEMA DA SEXUALIDADE NAS AULAS DE HISTÓRIA EM UMA ESCOLA DE JUINA- MT


RESUMO

O presente trabalho investigou as contribuições do professor de História para as aulas de sexualidade. A metodologia utilizada para este trabalho foi uma pesquisa, observação e estudo bibliográfico para construção teórica e uma análise qualitativa no intuito de identificar de que forma o tema da sexualidade é abordado nas aulas de História. Os dados foram colhidos por meio de relatórios baseados em observações das aulas ministradas na escola CEJA ALTERNATIVO, na cidade de Juína-MT. Também foram elaborados questionários, que foram respondidos pelos professores de História da unidade, com o objetivo de compreender qual a visão destes profissionais em relação à interação das aulas de História com o tema da sexualidade. Tal metodologia foi escolhida, pois é a mais apropriada para identificar as dificuldades enfrentadas. Conhecer as dificuldades foi importante, pois por meio delas pudemos elaborar nosso plano de ação e traçar o melhor caminho na construção de soluções para os problemas. A revisão da bibliografia foi baseada em Arkins (1994) e Vilaça (2012), dentre outros autores que se dedicaram à investigação da sexualidade enquanto fenômeno histórico. Constatou-se que o historiador, quando em sala de aula, tem muito a contribuir para o estudo do tema ao demostrar uma sexualidade que se molda ao tempo e ao espaço adquirindo significados distintos de sociedade para sociedade. Apesar de todas as contribuições do historiador para o tema, percebeu-se que existe uma grande resistência por parte do profissional, além de outras dificuldades como a falta de material especializado.
Palavras Chave: sexualidade, história, metodologia


INTRODUÇÃO
O papel da escola na sociedade tem sido tema de debate nos últimos meses de 2018 e meados de 2019.  O como e porquê abordar questões como a sexualidade tem motivado vários destes debates. A crença intimamente incrustada e massivamente difundida na sociedade brasileira é a de que certos assuntos devem permanecer bem longe dos muros da escola, entendida unicamente como um centro de formação de bons profissionais e não como um de formação humana. Tal visão sobre o papel que a escola deve ter na vida das pessoas, muitas vezes gera resistência quando se tenta trabalhar o tema das sexualidades.
Uma escola que se preocupa apenas com o homo faber[1] é uma instituição limitante e alienadora por não proporcionar ao educando os elementos necessários ao desenvolvimento de toda a potencialidade humana. Tal instituição, então, não é capaz de formar boas pessoas, nem bons cidadãos ou mesmo bons profissionais.
Numa escola com proposta de ensino mais humanista, todos os assuntos que representam o desenvolvimento do pensamento humano devem ser encarados como relevantes e trabalhados com metodologia adequada. Dentre estes, óbvio, a sexualidade é parte indeletável.
A escolha por este tema surgiu de uma série de reflexões que se deram logo após uma palestra sobre sexualidade, ministrada numa escola de Juína-MT, durante a formação continuada dos professores.
Diante da relevância do tema, foi pensado em como ele pode ser abordado nas aulas de História, uma vez que compreender a sexualidade como fenômeno histórico abre espaço para uma sexualidade que se molda ao tempo e ao espaço, o que é essencial para uma nova compreensão sobre o tema, quebra de paradigmas e revisão de velhos conceitos.



Mediante o exposto, acreditamos que o professor de história está melhor equipado para compreender a sexualidade como fenômeno histórico, ao poder observar em detalhes todas as nuances que levam à mudança de significação e conceitos. Esta abordagem, cremos, explica porque o tema pode e deve ser abordado nas aulas de História e não somente nas de ciências, como normalmente ocorre nas escolas.

1-     A SEXUALIDADE COMO FENÔMENO HISTÓRICO
Scott (1994) observa que a sexualidade é um fenômeno “produzido, reproduzido e transformado em diferentes situações ao longo do tempo”. Sendo assim, é possível identificar como o tema foi tratado por diferentes povos, em diferentes tempos.
Na Antiguidade, de forma oposta ao que acontece na nossa era, o sexo era encarado como parte da vida religiosa. Para um antigo egípcio, por exemplo, o ser humano pratica o sexo, porque os próprios deuses o praticam. A vida humana, portanto, é uma repetição em pequena escala do que acontece em grande escala no mundo dos deuses. (SILVA, 2009)
Na Atenas do século V a.c. a sexualidade foi socialmente construída para atender as necessidades “do cidadão adulto homem, cujo corpo era o foco de todo o poder no estado” (ARKINS, 1994). Mulheres, estrangeiros, escravos e meninos aristocratas na adolescência existiam para a gratificação sexual do cidadão ateniense: mulheres da aristocracia tinham a função de prover rebentos legítimos. As demais, como prostitutas, cortesãs, concubinas e escravas, eram considerados sexualmente disponíveis, bem como meninos da idade entre 12 a 18 anos.





Podemos, assim sendo, perceber que em Atenas a sexualidade tornou-se um símbolo da organização social da época:
Para os gregos, o ato sexual não é mútuo – tomando lugar entre dois adultos consensuais –, mas profundamente polarizado, envolvendo dominação hierárquica; no discurso masculino, o sexo é algo que você faz para alguém. Para ser específico: o sexo toma lugar entre um protagonista ativo, penetrante, que possui o falo, e uma pessoa passiva, penetrada. Esses papéis de ativo e passivo no sexo correlacionam-se precisamente com os status sociais de superior e inferior: o indivíduo superior é o cidadão adulto homem, que pode ter relações sexuais) apenas com seus inferiores, com mulheres, escravos, estrangeiros ou garotos. (ARKINS, 1994)
 
 Tal concepção da sexualidade seria totalmente modificada durante a Idade Média, onde os valores mais desejados foram a virgindade e a castidade (JUNIOR, 2006).
Novamente, podemos perceber como a vida cotidiana era encarada uma repetição do que acontece no plano divino, onde o ser humano reproduz o comportamento de um Deus casto.
Foi um período onde o sexo fora severamente vigiado pela Igreja, que “ensinava e determinava o como, o onde, com quem e os fins em que as relações sexuais deveriam ser feitas entre os casais” (JUNIOR, 2006).

Se durante toda a Idade Média imperou a ideia de que o sexo aceitável era aquele unicamente voltado para a procriação, durante o período do renascimento tal concepção se modifica totalmente de tal maneira que podemos perceber que o “o prazer ganha espaço em detrimento do sexo procriador. ”  (GASPERI, 2010)

Vainfas (1997), ainda, observa o aumento da pratica do homoerotismo na Itália renascentista ao ponto de o ato ficar conhecido pela alcunha de Vicio Italiano.





É possível, ainda, perceber os processos históricos que transformaram a sexualidade num assunto tabu, motivo de vergonha no ocidente, bem como a reviravolta nos anos 60 com a revolução sexual. De lá para cá, as transformações não pararam e a sexualidade foi vista como pecado, como ferramenta política para controle social, fonte de prazer físico e até espiritual. (MOLINA, 2011)
Compreende-se, assim, como o tema da sexualidade ultrapassa o aspecto puramente biológico e reprodutor, podendo ser compreendido como fenômeno histórico, ganhando significados distintos através do tempo.
O professor de história ao trabalhar este tema em suas aulas, pode propiciar aos seus alunos o entendimento destas transformações, contribuir para a mudança de paradigmas e quebra de preconceitos ao demostrar que a sexualidade nunca foi um fenômeno fixo e ausente de significado para o ser humano.

1.1 – O PROFESSOR DE HISTÓRIA E O TEMA DA SEXUALIDADE
De acordo com o Ministério da Educação, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) são diretrizes que devem servir como base das matrizes curriculares das escolas brasileiras. Estão divididos por disciplinas:  Matemática, Língua Portuguesa, História e Geografia, Ciências Naturais, Educação Física e Arte. Neles também existem os temas transversais: Ética, Meio ambiente e Saúde, Pluralidade cultural e Orientação sexual (Brasil, 1997). Em nossa análise, percebemos que não há uma orientação muito aprofundada de como temas transversais como, a sexualidade, podem ser trabalhadas com disciplinas escolares, como a História, muito embora, como já destacamos, entender a sexualidade enquanto processo histórico seja imprescindível para entender como cada tempo histórico cria seus próprios significados sobre o tema, o que eleva nosso entendimento sobre a sexualidade humana, muitas vezes deixando cair por terra velhos conceitos, preconceitos e estereótipos.



Assim, o professor de História pode e deve trabalhar sobre este tema em suas aulas. Para tanto, deve se aprofundar no assunto em busca de esclarecimento que lhe permitam refletir sobre a sua própria sexualidade a medida que seus próprios conceitos, preconceitos e estereótipos vão sendo mudados.
Também é preciso superar o entendimento de que sexualidade na escola esteja restrito à “prevenção das DST/ Aids e assuntos correlatos. ” (SILVA; SILVA, 2016)
Outro desafio a ser levado em consideração pelo professor de história diz respeito a relação escola-aluno-família, pois muitas dificuldades ao se trabalhar com esta temática em sala de aula têm origem no seio familiar. Para muitas famílias brasileiras, a sexualidade é ainda um assunto proibido, fonte de constrangimentos e muitas dúvidas. Tal desinformação, muitas vezes, dão vazão para muitos tipos de mitos e preconceitos.
Além disto, o entendimento que as famílias têm do papel da escola na vida de seus filhos, pode oferecer dificuldades ao trabalho do professor. Para superar tais problemas, o profissional deve contar com a ajuda da comunidade escolar que, pode atuar por meio de campanhas de conscientização e, também, convidando as famílias para participar dos trabalhos na escola.
Estabelecido estes parâmetros, o professor de história buscará a metodologia que melhor de adeque ao tipo de abordagem. Para este projeto sugerimos, dentro da pedagogia ativa, o Método IVAM (Investigação, Visão, Ação e Mudança) (VILAÇA, 2012)







2 – MÉTODO DE ABORDAGEM
Ao se trabalhar com o tema da sexualidade nas aulas de História, é possível fazer uso das Orientações Técnicas da UNESCO, desenvolvida em parceria com profissionais de várias partes do mundo.
De acordo com tais orientações, a educação em sexualidade deve sempre destacar as dimensões físicas, psicológicas, espirituais, sociais, políticas, econômicas e culturais da sexualidade humana (UNESCO, 2009 a)
Deve, ainda, levar ao entendimento da diversidade sexual como uma característica essencial humana e mostrar que o comportamento sexual varia de sociedade para sociedade evitando, sempre que possível, excluir do debate outros tipos de condutas. Para cumprir tal objetivo, o professor de História deverá trabalhar com diversos períodos históricos, mostrando as modificações que ocorrem com o passar no tempo, destacando o caráter cíclico da história.

Os objetivos a serem alcançados na atividade educativa em sexualidade serão:
Aumentar o conhecimento e a compreensão sobre a sexualidade; explicar e esclarecer sentimentos, valores e atitudes; desenvolver ou reforçar as competências; e promover e manter comportamentos de redução de risco. Os programas deverão basearse na visão que a ameaça à vida e bemestar das crianças e jovens existe numa grande variedade de contextos, nomeadamente na forma de relacionamentos abusivos, riscos de saúde associados com a gravidez indesejada precoce, a exposição às DSTs, incluindo VIH ou o estigma e a discriminação por causa da sua orientação sexual. (VILAÇA, 2012)

Munidos de tais informações, o trabalho de pesquisa foi realizado na escola CEJA ALTERNATIVO, localizado na cidade de Juína, Estado do Mato Grosso. Um plano de aula foi elaborado pelo professor de História na instituição, baseado na metodologia IVAM.



Esta metodologia foi criada pelo investigador norueguês, Bjarne Bruum Jensen e, segundo Vilaça (2012) pode ser usado como instrumento prático nas escolas, visando desenvolver nos alunos uma “competência para a ação”, ou seja, a habilidade para uma atividade reflexiva que leve a uma mudança positiva no estilo de vida. Os quatro pilares da metodologia IVAM são: Investigação, Visão, Ação e Mudança.

Figura 1: Metodologia IVAM (VILAÇA, 2012)

O grupo escolhido para o trabalho foi a turma do período matutino, composta por 11 adolescentes na faixa de 15 anos de idade.  





Após uma breve explanação, onde os alunos puderam compreender como a sexualidade assume posições e significados diferentes de sociedade para sociedade e de tempo histórico para tempo histórico, os educandos puderam perceber o caráter cíclico do comportamento sexual humano: aquilo que era visto como aceitável em tempos remotos, pode não o ser para a contemporaneidade e aquilo que é visto como normal para os padrões atuais não o seria há tempos atrás. Ainda, aquilo que foi usual e corriqueiro em tempo imemoriáveis e não o é atualmente, pode um dia voltar a ser praticado. Pretendeu-se, aqui, lançar as bases que permitirão aos alunos desenvolver os frutos da tolerância e da reavaliação de conceitos e preconceitos.
Em seguida, em conjunto com o professor, os alunos criaram uma lista de assuntos que representam suas principais dúvidas e curiosidades sobre o tema das sexualidades.  Os assuntos escolhidos foram: DST (AIDS, HPV, Herpes, Gonorreia, outras); mudanças no corpo do homem e da mulher na adolescência; abuso sexual; aborto; formas de Evitar Gravidez (métodos contraceptivos); orientação Sexual (heterossexual, homossexual e bissexual); namoro.
Após definidos os temas e separados os grupos, os alunos iniciaram os trabalhos pela primeira fase, Investigação, onde refletiram sobre o tema escolhido: Por que este tema é importante para você? Porque é importante para os outros? Quais as principais dificuldades encontradas ao se lidar com este tema? Desta maneira puderam caminhar para uma percepção mais acurada sobre o problema, cuja solução estavam buscando.
Na segunda fase, Visão, os alunos realizaram uma pesquisa no laboratório de informática, no intuído de esclarecer como o problema é encarado pela geração atual, bem como pelas sociedades mais antigas, perpassando por vários períodos históricos.
Após esta pesquisa, os alunos passaram para a próxima fase, Ação, onde puderam sugerir soluções criativas para as dificuldades encontradas.




Por fim, na fase da Modificação, baseados em todas as informações coletadas, os alunos refletiram sobre novas posturas que podem ser assumidas em relação ao problema.
A culminância dos trabalhos se deu com a elaboração de cartazes e exposição dos mesmos para aos demais alunos.

3 – ANALISANDO OS RESULTADOS

O tema das sexualidades trabalhado nas aulas de História, mostrou-se uma novidade para a maioria dos alunos. A aula iniciou com uma breve exposição de como a sexualidade pode ser entendida como um fenômeno histórico, gerando muita curiosidade nos educandos que reagiram fazendo perguntas.
 Ao abordarmos sobre como cada época e sociedade enxergava a questões como heterossexualidade, homossexualidade e bissexualidade, imediatamente fizeram um paralelo com a época atual, hora apontando as diferenças, hora as semelhanças, o que ficou evidenciado por meio dos comentários realizados durante a exposição.
Após esta rápida apresentação, o professor pediu para que os alunos sugerissem os temas para o início da pesquisa. Neste momento ficou demonstrado quais assuntos mais despertam o interesse.
Em seguida, foi entregue a cada aluno uma ficha contendo perguntas, cada qual representando uma etapa do método IVAM (Investigação, Visão, Ação e Mudança)
Organizados em grupos e orientados pelo professor, cada grupo escolheu um tema para trabalhar e, em seguida, os educandos iniciaram as reflexões anotando suas conclusões na ficha. A metodologia IVAM mostrou-se bastante apropriada ao permitir que o aluno se torne o protagonista de sua própria aprendizagem.


No laboratório de informática, os grupos pesquisaram os aspectos históricos dos temas que escolheram. Puderam, assim, compreender as mudanças ocorridas ao longo do tempo. Nesta fase, ficou também claro como a sexualidade pode ser usada como instrumento político e controle social.
Ainda, os alunos tiveram a oportunidade de investigar os principais problemas relativos ao tema escolhido e, também, apontar soluções criativas para os mesmos. Ao final, todos partilharam os resultados de suas pesquisas com os colegas.
Foi pedido para que os alunos relatassem suas impressões em relação aos trabalhos realizados que, em sua maioria, foram boas. Percebeu-se, ao concluirmos esta fase do projeto, que um bom planejamento faz com que o tema da sexualidade funcione apropriadamente nas aulas de História, resultando em conhecimentos relevantes para os alunos.
Uma das principais vantagens da metodologia escolhida para este trabalho foi o protagonismo do aluno, que escolheu o tema de seu interesse e passou por todas as fases do processo. Este tipo de metodologia colocou o aluno como o agente de sua própria educação e não como apenas um receptor passivo, o que abriu as portas para uma atividade educativa de mais significação.
Outro ponto que merece ser destacado a respeito da metodologia utilizada é a oportunidade que ela deu aos alunos de refletirem sobre a sua própria conduta em relação ao tema escolhido e o que ele pode efetivamente fazer para melhorar, o que traz o assunto para dentro da realidade do educando.
Entre os professores que participaram da pesquisa respondendo ao questionário, ficou evidente a necessidade de uma reflexão sobre as contribuições da História para o tema.  Identificamos durante os trabalhos que mesmo entre os professores, a sexualidade ainda é um assunto tabu, principalmente quando direcionado a jovens, mesmo que muitos deles já possuam vida sexual ativa. Ambos os profissionais declararam que jamais consideraram a possibilidade de planejarem uma aula especificamente sobre este assunto, ainda que sejam a favor de sua abordagem em sala de aula.


 A maior dificuldade, de acordo com um dos participantes, é a falta de materiais que facilitem e orientem os trabalhos especificamente para o historiador. Um deles, aliás, lembrou que os livros didáticos, em sua maioria, nada trazem sobre o assunto e quando o fazem, é de forma muito genérica, de maneira que não fornece ao profissional um bom apoio para o planejamento das suas aulas. Ambos também concordam que falta um trabalho específico na formação de professores de História, levando-se em consideração a importância do tema para a sociedade e o papel que a escola possui enquanto agente formador.


4- CONCLUSÃO
Na escola não devem existir assuntos tabus. Ela, a escola, deve sim, ser um lugar onde todos os tipos de conhecimentos produzidos pelo ser humano podem ser debatidos, estudados e analisados com rigor científico, visando o esclarecimento e o aprendizado. O entendimento que a sociedade brasileira possui da escola: sobre seu papel e seus limites, muitas vezes dificulta o trabalho de uma instituição que deveria estar comprometida com a formação do ser humano por completo.
De todos os trabalhos que deveriam ser realizados na escola em sua busca por uma formação mais holística, aqueles relacionados com a sexualidade é um dos que mais oferecem desafios a serem superados.
Falta compreensão, o entendimento de que a transposição didática do saber científico sobre a sexualidade difere do “falar sobre sexo”, de forma vulgar e não científica. Tal confusão é profunda não somente entre pais e alunos, mas abrange também professores e, muitas vezes, para o próprio sistema educacional brasileiro tal diferenciação se torna nebulosa.




O papel do professor de História neste processo é essencial, uma vez que compreender a sexualidade como fenômeno histórico abre espaço para uma sexualidade que se molda ao tempo e ao espaço com significados e simbolismo que mudam através nas eras, contribuindo, assim, para a quebra de estereótipos.
Concluímos, daí, que o professor de História pode e deve trabalhar sobre este tema em suas aulas, buscando as melhores metodologias para um melhor aproveitamento por parte dos educandos.

REFERÊNCIAS


 ARKINS, Brian. Sexuality in Fifth Century Athens. Classics Ireland:  1994.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental. Temas transversais. Brasília, MEC/ SEF, 1998. 436 p.

FRANCO JUNIOR, Hilário. A idade média: nascimento do ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2006.
GASPERI, José Alexandre. A sexualidade frente a moral cristã: condutas e influências levadas ao Brasil colônia. Vale do Itajaí: UNIVALI, 2010
MOLINA, Luana Pagano Peres. Gênero, Sexualidade e Ensino de História: a construção de um diálogo. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011
SILVA, Giovani José; SILVA, Jaime de Sousa. Ensino de História e Orientação Sexual: uma reflexão sobre sexualidade da escola a partir das contribuições da psicologia social e da teoria Queer.  História & Ensino, Londrina, v. 22, n. 2, p. 73-94, jul./dez. 2016

SILVA, Josiane Gomes. História da sexualidade no Antigo Egito. Rio Grande do Norte: UFRN, 2009


UNESCO). International technical guidance on sexuality education: Rationale for sexuality education (Vol. I). Paris: UNESCO, 2009

VAINFAS, Ronaldo. Trópico dos pecados: moral, sexualidade e inquisição no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997

VILAÇA, Teresa. Metodologia de Ensino para uma sexualidade positiva e responsável. Braga, CFFH: 2012.


[1] Termo criado pelo romano Appius Claudius Caecus em referência ao “Homem que trabalha”