segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Os Estados Unidos depois da guerra de secessão

A guerra entre o Norte e o Sul dos Estados Unidos, motivada pelas tensões relacionadas com a escravidão, começou em 1861 e terminou em 1865, deixando a economia do Norte totalmente comprometida e a do Sul, totalmente ferrada (e se lascaram bonito mesmo)
Contudo, os Estados do Norte tiveram muito mais facilidade de se recuperarem, graças principalmente ao lucro gerado pelas ferrovias.
Durante a guerra essas ferrovias foram expandidas e utilizadas para transportar soldados, armas, comida e medicamentos. Continuaram sendo usadas depois da guerra, gerando lucros graças às pesadas taxas ferroviárias e a baixa qualidade dos serviços prestados, dando origem, mais tarde, aos grandes grupos financeiros monopolistas, como o grupo Morgam, o grupo Rockfeller e a magnatas como Cornélius Vanderbilt.
Neste período os Estados Unidos viviam uma fase de intensa revolução Industrial (muito mais radical do que aquela que aconteceu na Europa, segundo alguns historiadores) A indústria se desenvolvia grandemente, principalmente as siderúrgicas e metalúrgicas. Porém o Norte enfrentava um problema muito sério de falta de operários, pois a expansão para o oeste oferecia grande oportunidade para o crescimento na área da agricultura. Essa falta de mão de obra valorizava os salários na indústria, o que despertou a atenção de muito neguinho lá nas “Europas”.  Resultado: entre 1843 e 1876 a população dos Estados Unidos passou de 23 milhões, para 50 milhões e meio.
Com o crescimento urbano, muitas pessoas abandonaram o trampo no campo para se dedicar às indústrias. Apesar disso, a produção agrícola dos Estados unidos aumentou mais ainda, graças às máquinas que faziam sozinha o trabalho de muitos homens.
O aumento do operariado nos centros urbanos favoreceu o surgimento dos primeiros sindicatos. Em 1886, no dia primeiro de maio, iniciou-se a primeira greve dos operários, seguido, é claro, do primeiro cacete em trabalhadores grevistas da história dos Estados Unidos, onde quatro dirigentes foram condenados à forca (também conhecido como gravatinha de Tiradentes). Em memória desse fato é que em todo o dia primeiro do mês de maio, eu, você e toda a família, comemoramos o feriado do dia do trabalho, não trabalhando (J)
Já no Sul, conforme já foi relatado, a situação era deplorável: com casas destruídas, fábricas em ruínas, campos devastados e como se não bastasse, haviam perdido o monopólio do algodão. Muitos confederados abandonaram os Estados Unidos e emigraram para outros países, inclusive o Brasil (Mato Grosso e São Paulo, nas regiões de Campinas, Santa Bárbara do Oeste e Americana)
Além de toda essa crise, alguns sulistas ainda tiveram que engolir as decisões tomadas pelo norte: a décima terceira emenda deu liberdade para todos os negros, a décima quarta emenda obrigava todos os estados americanos a tratar todo mundo igual perante a lei e a décima quinta emenda deu aos negros direito a voto, transformando-os em cidadãos. A gota d’água para os racistas do sul foi quando os negros começaram a conquistar cargos de importância, o que favoreceu o surgimento de grupos racistas como a Ku Klux Klan e os menos conhecidos Knigths of White Camélia dedicados a perseguir, espancar e não raro matar negros.
Podemos observar que apesar de terem sido criadas leis para proteger os negros, não haviam dispositivos capazes de garantir o cumprimento delas, portanto, os negros ainda continuaram sendo marginalizados e perseguidos, com a criação da política de segregação racial.
Além disso, existia no sul um forte ressentimento com o Norte, principalmente com o partido republicano, de Abraão Lincoln, tanto é que o próprio, logo após o fim da guerra, foi assassinado com um tiro disparado por um sulista revoltado.
E até hoje, nota-se que o partido democrata tem uma maior expressividade no Sul dos Estados Unidos.
Com isso, vemos como que apesar de todos os efeitos danosos da guerra de secessão Americana, os Estados Unidos conseguiram se transformar em uma potência econômica e imperialista, legítima representante do capitalismo.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Eugenia: A apologia científica do racismo

Eugenia: A apologia científica do racismo

RESUMO
O termo Eugenia designa uma série de atos que visam o suposto melhoramento das futuras gerações através do controle social, ao mesmo tempo em que procura deter o avanço dos grupos ditos, “menos adaptados”, impedindo o enfraquecimento das qualidades raciais. Usa como base os dados colhidos pelo naturalista britânico Charles Darwin, publicados no livro “As origens das espécies” de 1859, as teorias de Thomas Malthus, economista britânico e as ideias de Herbert Spencer, também britânico, filósofo criador do “Darwinismo Social”. Ganhando força principalmente nos Estados Unidos, a Eugenia originou também a “eugenia nazista”culminando no Holocausto.

Palavras chaves: eugenia, racismo, Holocausto, genética.

ABSTRACT

. The term eugenics refers to a series of acts aimed at the supposed improvement of future generations through social control, while seeking to stop the advance of the groups said, "less adapted", preventing the weakening of racial qualities. Uses based on data collected by British naturalist Charles Darwin published the book "The Origins of Species", 1859, the theories of Thomas Malthus, a British economist and the ideas of Herbert Spencer, also British philosopher, creator of "Social Darwinism". Gaining momentum especially in the United States, Eugenia has also led to the "Nazi eugenics" culminating in the Holocaust.

Foi em 1883 que o antropólogo inglês Francis Galton (1822-1911), cunhou a palavra “Eugenia”, que de sua origem grega, podemos tirar o significado “o bem nascido” (CASTANEDA, 2002, p.2). Com o intuito de estudar os processos pelos quais se pode melhorar a espécie humana, a eugenia estava apoiada em três ideias, a saber:


a)      Teoria da evolução natural de Charles Darwin
Galton se impressionou com as ideias sobre a “sobrevivência do melhor adaptado”, de seu primo, o naturalista britânico Charles Darwin (1809-1882), exposto no livro “A origem das espécies”, de 1859.  Formulou a teoria de que para um melhoramento das sociedades humanas, somente os mais bem adaptados deveriam reproduzir-se, enquanto que o crescimento das populações pouco adaptadas deveria ser combatido pelo Estado.

b)      Teoria do aumento populacional de Thomas Malthus
A teoria de que a população cresceria de tal forma, que seria impossível gerar recursos de vida para todos. Hoje sabemos que tal teoria é equivocada, pois temos a tecnologia necessária para produzir recursos do que o suficiente, estando a falha somente na forma como esses recursos estão sendo distribuídos[1]. Contudo, em 1789, Malthus acreditava na necessidade do controle populacional, para evitar o caos. “Malthus (...) chegou a defender que em muitas instâncias a assistência caritativa promovia a pobreza de geração a geração e simplesmente não tinha sentido no processo natural do progresso humano”(PEDROSA, 1999, p. 3)

c)       Darwinismo social de Herbert Spencer
A teoria de que o homem evoluía por meio de sua natureza hereditária era defendida, no século XIX pelo filósofo inglês Herbert Spencer. Acreditava que os mais capazes continuariam a se aperfeiçoar e que os menos capazes se tornariam ainda mais incapazes com o tempo. Dizia ele: “Todo o esforço da natureza é para se livrar desses (incapazes) e criar espaço para os melhores... Se eles não são suficientemente completos para viver, morrem, e é melhor que morram (...). Toda imperfeição deve desaparecer” (PEDROSA, 1999, p.3)

Bebendo dessas três fontes, Galton desenvolveu as idéias eugenistas, propondo a intervenção do Estado no sentido de controlar os casamentos, permitindo-os somente para as pessoas ditas, “mais capazes”.  Central nas ideais de Galton era a ênfase dada por ele aos casamentos de pessoas geneticamente superiores. Para ele existiam as pessoas de “sangue bom” e as de “sangue ruim”. Assim, elaborou segundo, Paulo Sérgio R. Pedrosa, “uma anormal matemática” (PEDROSA, 1999, p.3):

SANGUE BOM + SANGUE RUIM = SANGUE RUIM
SANGUE BOM + SANGUE BOM = SANGUE MELHOR
SANGUE RUIM + SANGUE RUIM = SANGUE PÉSSIMO
Ao defender um controle do Estado sobre o casamento, só permitindo aqueles realizados entre os indivíduos ditos superiores, Galton criou a Eugenia Positiva.
Eugenia nos Estados Unidos
Em terras norte americanas, as idéias de Galton ganham força no final do século XIX e originam a eugenia negativa: enquanto que a positiva defendia a reprodução somente de indivíduos que se destacassem por seus dotes físicos e intelectuais, ou seja, os de “sangue bom”, a negativa procurava defender a predominância dos ditos “superiores geneticamente”, por meio da eliminação dos “sangues ruins”.
Para cumprir tal objetivo, alguns procedimentos foram adotados. Paulo Sérgio Pedrosa (PEDROSA, 1999, p.4) destaca os seguintes atos eugenistas nos Estados Unidos:
- Segregação do incapaz;
- Deportação dos imigrantes indesejados;
- Castração de criminosos e deficientes mentais;
- Esterilização compulsória;
- Proibição de casamentos;
- Eutanásia passiva;
- Extermínio. (Não foi aplicada, mas muitos eugenistas defenderam o uso da câmara de gás).
Por meio das leis de miscigenação, a partir de 1863, procurou-se coibir os casamentos entre pessoas de etnias diferentes e a lei de Jim Crow, de 1876, obrigava os estabelecimentos e transportes públicos a terem locais separados para brancos e negros.
Em 1996, o estado de Indiana aprovou a lei de Sharp, também conhecida como “Ato de prevenção da Imbecilidade”, que visava impedir a reprodução de deficientes mentais, pelo método da esterilização.
Em 1909 em Washington, a lei também começa a prever a esterilização de criminosos e estupradores[2]. Em Iowa, os atos estendiam-se aos drogados e epiléticos. Paulo Sérgio Pedrosa (PEDROSA, 1999, p.7) informa que: “As leis de esterilização eugenistas foram adotadas por quase metade dos estados americanos, sendo a liberal Califórnia a que fez mais esterilizações forçadas”.
Eugenia na Alemanha
A Alemanha, nos primeiros vinte anos do século XX, desenvolveu suas próprias idéias eugenistas, tendo sua independente linha de estudos sobre o assunto. Contudo, tinham como base os atos eugenistas americanos, como a estilização dos “tipos biológicos inadequados” (PEDROSA, 1999)
Inspirado nas leis de castrações e proibição matrimoniais norte americanas, foi que o médico Gustav Boeters começou a escrever em Berlin, artigos que defendiam a implantação de atos eugenistas na Alemanha.  Boeters, em obra citada no artigo de Paulo Sérgio Pedrosa (PEDROSA, 1999), disse: “Em uma nação culta – os Estados Unidos da América -, aquilo pelo qual nos esforçamos para conseguir [a legislação sobre esterilização] foi introduzido e testado há muito tempo”
Foi o pensador socialista Alfred Ploetz quem, em 1880, cunhou a palavra Rassenhygiene (higiene racial) e Alfred Jost, teórico social alemão, defendia em seus trabalhos o direito do Estado de eliminar as pessoas inúteis.
Assim, as ideias eugenistas foram ganhando a Alemanha, conforme explica Paulo Sergio Pedrosa: (PEDROSA, 1999)
Logo começaram a surgir as associações de eugenistas na Alemanha e nos países nórdicos, fomentadas pelas idéias da superioridade nórdica defendida pelos eugenistas americanos, como Davenport, Grant e Popenoe. Em 1905 Ploetz fundou a Sociedade para a Higiene Racial em Berlim. Esta sociedade foi criada para incentivar o crescimento da Higiene Racial (outro nome para Eugenia) na Alemanha e começou a ganhar impulso e projeção internacional a partir de sua colaboração com outras sociedades eugenistas, principalmente as americanas. Ploetz foi nomeado vice-presidente do Primeiro Congresso Internacional de Eugenia de 1912, em Londres, e foi convidado para ser um dos fundadores do Comitê Internacional Permanente de Eugenia.
Quando Hitler ascendeu ao poder, a idéia da “superioridade racial” já estava amplamente amadurecida, e o esforço para resolver o problema da miscigenação desencadeou o processo do Holocausto, no qual foram perseguidos, aprisionados em campos de concentração e mortos, milhões de pessoas entre judeus, homossexuais, ciganos, slavos e deficientes.

Eugenia no Brasil
De acordo com Maria Aurélia Castaneda (CASTANEDA, 2002, p.1) uma característica do movimento eugênico brasileiro foi o seu “caráter sanitarista”, por considerar a influência do meio ambiente no desenvolvimento das raças. Renato Kehl, médico e farmacêutico, foi o grande divulgador dessa ideia do Brasil.
Ao participar de uma conferência em São Paulo, na Associação Cristã de Moços, Kehl conseguir despertar o entusiasmo necessário para a criação da primeira associação eugenista, em 1918, em plena República Velha. Faziam parte desta associação, Arnaldo Vieira, fundador da Faculdade de Medicina de São Paulo, Arthur Neiva, sanitarista, Franco da Rocha, psiquiatra e o educador Fernando de Azevedo, entre outros.
No Rio de Janeiro, Renato Kehl participa da fundação da Liga Brasileira de Higiene Mental (LBHN) em 1930, que tinha como membros pessoas como Miguel Couto, da Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro, Carlos Chagas, diretor do Instituto Oswaldo Cruz, e Edgar Roquette-Pinto, diretor do Museu Nacional. O objetivo da LBHN era estimular medidas para evitar a miscigenação e combater os fatores que dificultam a higiene da “raça superior”. Algumas das propostas desta instituição, como a esterilização dos “incapazes e inúteis” foram criticadas por muitos membros, como Roquette Pinto.
O surgimento do movimento eugênico no Brasil se dá em um momento em que o crescimento urbano trazia a necessidade de uma organização das cidades e de um melhoramento da raça por meio da limpeza e expurgação
Havia preocupação com as condições sanitárias das populações rurais. Ao publicarem em 1918 os relatos aos estados de Goiás, Bahia, Pernambuco e Piauí, Arthur Neiva e Belisário Penna revelaram a precariedade sanitária daquelas populações. Monteleone (1929), por suas vez, insistia diferentemente da Europa, no saneamento do povo e do solo, na medida em que numerosas moléstias  contribuíam para a degenerência  da raça
 (CASTANEDA, 2002, p.15)

Além deste caráter sanitarista do movimento eugenista brasileiro, acreditava-se também em outras medidas para evitar a degeneração da sociedade. Acreditava-se que a imigração era um risco para o país, pois poderia acarretar uma contaminação da população, isso motivou o desenvolvimento de projetos que visavam impedir a entrada no país de pessoas “eugenicamente inferiores”.  No artigo de Maria Eunice de S. Maciel (1999, p.9) é citada uma série de dez proposições do Congresso Brasileiro de Eugenia para impedir a contaminação da população brasileira, dentre eles estão:
10) O primeiro Congresso Brasileiro de Eugenia aconselha a exclusão de todas as correntes imigratórias que não seja de raça branca.
As idéias eugenistas no Brasil foram perdendo força no final do Estado Novo sendo que foram definitivamente descartadas quando o país integrou o grupo dos aliados na Segunda Guerra Mundial, em agosto de 1942.

Conclusão
Idéias de superioridade de um ser humano sobre o outro eram uma constante já na Antiguidade. Os Espartanos possuíam um sistema de seleção no qual somente tinha direito a vida os que nasciam fisicamente perfeitos.
Segundo Lilia Moritz Schawarcz (1993, p.46) quando os europeus chegaram à América, criou-se uma idéia de superioridades destes sobre os nativos da nova terra.
Tais idéias ganharam um suposto embasamento científico com o surgimento da eugenia em 1883, atingiu o seu ápice na “eugenia nazista’ e decaiu com o avanço das ciências biológicas.
Vivemos agora uma época de grandes descobertas, como o projeto Genoma, que levanta outras questões éticas e, vez por outra, surgem estudiosos como Richard Lynn, que declara a superioridade da inteligência do branco sobre o negro em uma abordagem que muito se assemelha a eugenia.


[1] Paradoxalmente, isso não significa que uma falta de alimentos não seja uma realidade no futuro, devido a inúmeros fatores.
[2] Acreditava-se na tendência para atos criminosos determinada pela genética.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A Formação dos Estados Nacionais

Durante toda a Idade Média a Igreja Católica tentou, sem sucesso, unificar a Europa. Contudo, no período seguinte os estados europeus iniciam um processo de centralização ao redor da figura do rei, originando assim os primeiros regimes absolutistas. A centralização era a mais eficiente resposta para os problemas de uma nobreza assolada pela deterioração do sistema feudal, pois garantia a ela o controle das riquezas geradas no campo e no comércio
Ao rei, a unificação era desejável, pois isso iria ajudá-lo a se sobrepor aos poderes locais e à Igreja que desejava uma unificação pautada na sua autoridade e sujeita aos seus caprichos.
A burguesia que detinha o poder financeiro buscava agora uma maior influência política. Contudo, a descentralização prejudicava também seus interesses financeiros já que cada região tinha a as suas próprias maneiras de fazer negócios. A unificação representava, portanto, uma padronização na forma de comerciar, o que seria um benéfico para a classe.
Assim foi firmada uma aliança entre nobres e burgueses para a constituição dos Estados Nacionais: Os reis recebiam apoio financeiro dos burgueses enquanto estes recebiam em troca concessões comerciais alfandegárias e se tornaram patronos do novo estado.
Portugal foi o primeiro Estado Nacional e conseguiu imprimir um grande desenvolvimento, graças ao novo modelo econômico que surgira junto com a parceria.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

"Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção do mundo” (Paulo Freire)

A educação tem como objetivo formar pessoas capazes de atuar positivamente na mudança do mundo. Para que isso seja possível, é necessário que o professor transmita a informação para o aluno, lembrando que junto com esta informação, existe uma ideologia por detrás. É necessário que o professor faça um desmascaramento dessa ideologia. Não se pode transmitir ao aluno somente a ideologia e ignorar o desmascaramento.  Tampouco, fazer o desmascaramento sem transmitir a ideologia, pois assim, o processo educativo não estará completo. As elites, quando se preocupam com a educação, o fazem somente no sentido da formação técnica, no intuito de criar mão de obra qualificada. Desta forma, não existe uma preocupação com a formação de pessoas que saibam pensar criticamente. O conhecimento técnico é importante, porém é necessário que o indivíduo tenha consciência de seus direitos políticos e uma formação desse tipo vem sendo amplamente negada ao povo pelas classes dominantes. Diante disso, o professor não pode assumir uma postura neutra dentro da sala de aula. É necessário que ele tome uma posição. Cabe ao professor ensinar bem e ensinar certo. Isso somente será possível quando o professor assumir uma postura ética, não somente transmitindo os valores, mas vivendo os valores.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O papel do cristianismo

Qual a função da religião? Responder a essa pergunta não é fácil.
Produto da mente humana, a religião é um conjunto de dogmas que normalmente se refere ao transcendente, à vida além do aspecto material.  Com “produto da mente humana”, não quero rebaixar as crenças religiosas, como fazem alguns críticos, ao nível da ilusão, como se o mundo transcendente não passasse de uma ficção reconfortante proveniente de uma mente amedrontada.
Hoje, com o advento da física quântica, o transcendente vem sido seriamente discutido nas áreas acadêmicas, ainda que os materialistas torçam o nariz para a idéia. Seriam nossas mentes provenientes de uma realidade além do mundo material?
Segundo a teoria da evolução, nossas crenças são apenas um conjunto de processos destinados a nos manter vivos. Nesse aspecto, do ponto de vista puramente adaptativo, não importa se essa crença é verdadeira ou não. O que essa crença deve fazer é promover uma reação que preserve a vida.
Se eu entrar numa caverna e me deparar com um urso, por exemplo, eu posso acreditar que ele é um animal feroz que vai me estraçalhar se eu não correr, ou acreditar que aquele animal é na verdade um velocista e que vai apostar uma corrida comigo. Ganha quem chegar primeiro ao topo daquela árvore.  Para a evolução, ambas as crenças são verdadeiras, pois ambas foram capazes de garantir a sobrevivência. Sendo assim, como podemos acreditar em nossas mentes, sendo elas resultadas de inúmeros processos evolutivos aleatórios, provenientes de formas de vida primitiva? Seriam nossas certezas ilusões? Nada é verdadeiro de fato?
Isso nos leva ao relativismo. O que é certo pra mim não é certo pra você. O que é verdade pra mim não é verdade pra você. Meus valores morais são ilusões, justificáveis tanto quanto à de um indiano do século XVIII ou um homo sapiens há cinco bilhões de anos. O homem é produto do seu tempo.
É certo que existam valores morais que são resultados de convenções sociais, contudo, também é evidente a existência de crenças e valores universais, que não estão sujeitas a essas convenções. Estuprar bebezinhos é errado independente das opiniões.  Não há dados que apóiem a idéia de que essa prática tenha sido unanimemente tolerada em algum passado remoto.
A função do cristianismo, assim como de outras religiões, é, do ponto de vista prático, a de traduzir esses valores universais, tornando-os acessíveis, sendo essa religião centrada em uma entidade como Deus ou não.
Não quero entrar na questão de ser necessária uma religião para um comportamento moral, pois esse assunto é por demais complexo e merece um texto apenas para tratar disso.
Quero me concentrar no papel que o cristianismo vem desempenhando na sociedade atual. Não o cristianismo espetáculo de nossos dias, nem o cristianismo ferramenta de épocas anteriores. Se é que se podem chamar essas práticas de cristianismo, pois o mesmo tem parâmetros que devem ser seguidos, sobre o risco de descaracterizá-lo.
 No sermão do monte (Mateus, Cap. 5 6 e 7). Jesus traduz para uma linguagem simples, vários preceitos morais de caráter universal. Em qualquer sociedade ou época é aceito que ser oprimido é uma coisa ruim, ser vítima de uma injustiça é uma coisa ruim e todos consideram coisas como honestidade e generosidade como coisas boas. Isso não depende de convenções sociais. A função do cristianismo, do ponto de vista prático, é fornecer preceitos morais às sociedades, que, através de mecanismos como o contrato social, por exemplo, seriam relativas.
Imagine uma sociedade que por meio de processos evolutivos, tenham desenvolvido uma moral totalmente diversa da nossa. Imagine que essa sociedade, invadindo nosso país, nos escravizasse. Sendo a crença deles puramente resultado de inúmeros processos adaptativos, cuja única função é garantir a sobrevivência da espécie, sem se preocupar se essa crença é verdadeira ou não, eles não têm como saber se o que estão fazendo é realmente certo. E o mesmo pode ser dito de nós. Nós não teremos argumentos para legitimar nosso desejo de ser livres, pois nossas crenças também são frutos de processos puramente evolutivos e não uma verdade que possa ser classificada como verdadeira de fato. Assim, tudo se torna relativo. Nosso contrato social é totalmente diferente do contrato deles.
Como é possível que algo assim aconteça, sem algum tipo de protesto? Porque de fato, existem valores morais absolutos que não dependem das opiniões de cada sociedade. Esse caráter universal da moral é ensinado por diversas religiões espalhadas pelo globo.
No cristianismo, Jesus sintetizou tudo isso em uma única frase: “Ama ao teu próximo, como a ti mesmo”. (Mateus, 32: 35- 38)

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Golpe X Revolução


Qual a diferença entre Golpe de Estado e Revolução?
Desde que o gênero humano deixou o seu estilo de vida nômade para viver em agrupamentos, se fixando na terra para praticar a agricultura, existiram indivíduos que acumulando recursos, viram a necessidade de uma entidade que promovesse  a ordem e garantisse os privilégios das elites. Nasce então a figura do rei como personificação da autoridade, que todos deviam respeitar para que houvesse harmonia na sociedade.
Com o tempo, percebeu-se que colocar tanta autoridade nas mãos de um único homem, promovia o surgimento de tiranos, muitas vezes indo contra os interesses da própria elite, pois como foi dito por Lord Byron: “O poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente”. Por isso os gregos desenvolveram o conceito da democracia que, naquele momento, protegia os interesses dos mais abastados. Mais tarde os romanos criaram a república, por meio da qual o cidadão (ainda da elite) poderia escolher os representantes que cuidariam dos seus interesses.

O povo, o sujeito simples, o trabalhador em sua labuta diária para alimentar a família, sempre ficou à par desses acontecimentos. Sua existência apenas era lembrada quando uma elite, para retirar outra do poder, usava esse mesmo povo. Aconteceu na Revolução Francesa, aconteceu na Rússia, China, Cuba, Brasil e muitas outras nações. E, obviamente, acontece ainda hoje.

A Revolução seria um ato legal. Um instrumento usado como resistência a uma situação intolerável. Já o golpe é um ato ilegal, como por exemplo, derrubar um governo legalmente constituído.
Por se tratar de um ato ilegal, os golpistas sempre tentarão camuflar seus atos com vestes de revolução. Por outro lado, a revolução sempre será taxada como "golpe", pelos opositores, de forma que sua verdadeira definição se perde no fundo das convicções humanas.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Os Sertões de Euclides da Cunha

O livro Os sertões foi publicado a primeira vez em 1902. Descreve os conflitos que se deram na região de Canudos, no interior da Bahia, em 1896. Seu autor, Euclides da Cunha, foi escritor, sociólogo, poeta, engenheiro, geólogo, repórter e historiador (e corno bravo). 
Trabalhando como correspondente de guerra para o Jornal O Estado de São Paulo, Euclides da Cunha (enquanto sua mulher buscava consolo no “cassetete” de um tenente) passou três semanas no local do conflito e registrou tudo o que viu.
Republicano de carteirinha, chegou a acreditar como era de praxe em sua época, que a agitação em Canudos fosse na verdade uma conspiração monarquista.  Talvez por isso sua visão sobre os acontecimentos em Canudos, especificamente sobre seu líder, Antônio Conselheiro (corno manso), tenha sido moldada de uma maneira tão pouco lisonjeira.
Para o autor:
·         Antônio Conselheiro “foi resultado de um mal social e não simples moléstia” (ou seja, já se pressupõe que o cara era louco de pedra)
·         Compara Antônio Conselheiro aos “doutores” histéricos e suas práticas religiosas
·         “o fator sociológico cultiva a psicose mística”
Muito embora seja fato de que pessoas portadoras de patologias mentais possam manifestar delírios religiosos, no meu ponto de vista não existem evidências de que Antônio Conselheiro fosse um louco. Muito pelo contrário: em documentos escritos pelo próprio, percebe-se que suas idéias, e a forma de expressa-las, eram bastante lúcidas para um psicótico.
Outro detalhe: Euclides da Cunha simplesmente omite informações sobre Conselheiro, como o fato de ele ter aprendido Aritmética, Francês, Latim e geografia. Talvez, esse fato não tenha sido interessante para a imagem de aparvalhado, inculto e louco que os republicanos precisavam.
Para Clóvis Moura, professor de sociologia da USP: “Antônio Conselheiro não foi àquele personagem bronco ou louco como se costuma afirmar nos ensaios tradicionais sobre Canudos, mas um agente de dinamização social, no período que vai da escravidão [...] à destruição de Belo Monte”
Chiavenato escreve: “Antônio Conselheiro é das personagens mais caluniadas do Brasil”
O fervor religioso e o messianismo, não foi de forma alguma uma manifestação de loucura, mas uma ferramenta usada por um povo oprimido que não possuía força para fazê-la politicamente.
Pela falta de provas consistentes da alegada loucura, só me resta concluir que Antônio Conselheiro foi, na verdade, o líder da resistência de um povo, tal qual foi Zumbi dos Palmares, para os negros.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

A Crise financeira

Em meados de 2008, uma crise financeira foi a grande responsável pela insônia de muito neguinho ao redor do planeta. Para entender como esse “monstro” nasceu, cresceu e quase devorou a economia do mundo, precisamos retroceder um pouco mais no tempo, até 2001 quando o mercado imobiliário norte americano passava por um período de forte expansão e, diante disso, o Banco Central Americano começou a baixar as taxas de juros para estimular seus clientes a comprar imóveis. A estratégia deu certoe tudo virou um tremendo oba-oba.  Em 2005, comprar imóveis nos EUA era um ótimo negócio e até mesmo os clientes do tipo “subprime”, cuja principal característica era a inadimplência, ganharam facilidades na hora da compra. O ovo do mostro estava chocando.
Tudo lindo e maravilhoso na terra dos sonhos até 2006, quando os preços dos imóveis começaram a despencar e os juros do Banco Central começaram a subir. Com a alta dos juros, começaram os calotes. Os bancos começaram a ter prejuízos, alguns na ordem de bilhões. O banco de investimentos Lehmam Brothers, o quarto maior dos EUA, pediu concordata.
A conseqüência disso foi um efeito em cascata, já que inúmeros bancos espalhados pelo mundo, incluindo o Brasil, têm investimentos nos bancos americanos.  A crise se torna mundial.  O monstro crescido, furioso e faminto. Uma série de medidas foi tomada pelo governo dos Estados Unidos para domá-lo. E hoje, o bicho parece estar adormecido. Mas ainda não foi definitivamente derrotado, pois ele ainda possui suprimentos que o sistema capitalista lhe fornece. E um dia ele ainda pode despertar, então, quem poderá nos defender?

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

As Navegações portuguesas, ora pois!


 

Portugal foi, conforme já foi dito, pioneira nas grandes navegações. Esse pioneirismo se deu por algumas razões, segundo o historiador Boris Fausto:
1)    Um fator de ordem interna, com Portugal se tornando uma monarquia, tendo acumulado por isso recursos suficientes para o empreendimento das grandes navegações
2)    Os portugueses haviam aprendido com os genoveses a arte da navegação e aprimorado muitos instrumentos  como o astrolábio[1], a bússola e a Balestilha
3)    A própria localização de Portugal facilitava que os navegantes de lançassem pelo Atlântico
Ainda segundo Boris Fausto, era o desejo de riqueza, o ouro, a prata, as pedras preciosas que movia os portugueses, bem como as especiarias: pimenta, (gabriela) cravo, canela, entre outros. Contudo, outro motivo importante foi o desejo de (xeretar) conhecer novas terras, a atração pelo desconhecido e pela aventura que serviu como combustível para os ânimos dos navegantes portugueses. De fato, havia muitas lendas sobre monstros marinhos, sereias e outras criaturas terríveis que povoavam a imaginação lusitana, o que ascendia ainda mais a curiosidade. (claro! se lá existem monstros marinhos comedores de homens, porque não ir lá pra conferir?)
As navegações portuguesas eram muito superiores às demais da Europa, graças, sobretudo, à caravela que fornecia um deslocamento ágil e veloz, para as expedições lusitanas.
Com Constantinopla obstruída pelos otomanos, os portugueses buscavam, então, uma nova rota para alcançar a Índia e lá obter suas especiarias diretamente. E foi a bordo de uma caravela que Vasco da Gama, contornando a África, chegou até as Índias. Graças a isso, os portugueses puderam comercializar seus produtos e fazer de Portugal uma potência econômica da época.


[1] O astrolábio é um instrumento naval antigo, usado para medir a altura dos astros, já era utilizado pelos persas, antes dos portugueses. Já a balestilha tinha a função de medira a altura em graus que une o horizonte ao astro.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838)

Professor, advogado, filósofo, político e amiguinho de Dom Pedro. Seu pai era José Ribeiro de Andrada e sua mãe era Maria Bárbara da Silva.

Com quatorze anos foi enviado para São Paulo onde concluiu seus cursos de lógica, retórica e metafísica. Em 1783, em Portugal, matriculou-se no curso de direito de Coimbra.

Tendo concluído os cursos de direito e filosofia é convidado a fazer parte da Academia de Ciências de Lisboa e começa a percorrer a Europa a serviço dela.

Em 1790, em Paris, tem contato com os ideais da Revolução Francesa e com a Declaração dos Direitos do homem. Volta para Portugal em 1800.

Em 1808 torna-se um dos líderes do “Corpo Voluntário Acadêmico”, movimento de libertação que lutava contra as forças de Napoleão Bonaparte, quando estas invadiram Portugal, obrigando a família real fugir para o Brasil.

Aos 56 anos  de idade (ainda dava no couro) volta para o Brasil. Era o período do retorno de Dom João VI para Portugal. Antes de partir, porém, Dom João convocou eleições para as juntas governativas das províncias brasileiras. José Bonifácio preside a eleição em São Paulo, assumindo depois a vice-presidência da junta governativa. (sou foda...)

Quando Dom Pedro recebeu da corte portuguesa a ordem de regressar imediatamente para Portugal, José Bonifácio escreve uma carta ao príncipe regente, exigindo a sua permanência no Brasil. (não se váaaaa!). Sua carta é lida em 2 de janeiro de 1822. Uma semana depois o presidente da Câmara do rio de Janeiro faz o mesmo, diante do que, Dom Pedro declara as suas famosas palavras do “Fico”.

José Bonifácio é nomeado ministro do Reino e de Estrangeiros e entra em treta com Gonçalves Ledo: enquanto Ledo era a favor da convocação de uma Constituinte, Bonifácio preferia as ações do Governo em favor da independência.

Em 3 de junho de 1822, a Assembléia Constituinte é convocada. José Bonifácio propõe várias medidas, visando à autonomia do Brasil.

Por não confiar da assembléia e pela inimizade com a Marquesa de Santos, José Bonifácio é demitido por Dom Pedro, contudo, permanece trabalhando na corte, ajudando seu irmão, Antônio Carlos, a redigir a Constituição, mesmo não confiando na assembléia.

Ao saber que a constituição limitaria seus poderes como Imperador, Dom Pedro fica muito macho e  extingue a assembléia. José Bonifácio é preso e deportado, muito embora Dom Pedro acreditasse na sua inocência.

Quando o imperador foi forçado a abdicar, José Bonifácio foi chamado ao Brasil para ser tutor de seus filhos. Foi preso em 1833, acusado de conspirar para a volta de Dom Pedro.

Absolvido, passou o restante de seus dias do Rio de Janeiro, aonde bateu as botas.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O Iluminismo e a Revolução

Durante a Idade Média a Europa era marcada pela visão teocêntrica de mundo, onde o homem era visto como um mero instrumento para as vontades divinas. Com a Igreja ditando as regras, o livre pensamento era extremamente limitado e ao homem era negado o direito de pensar por si próprio.
Influenciados pela concepção renascentista iniciada na Europa no período anterior, alguns filósofos (muito loucos) de destaque como John Locke, Jean-Jaques Rousseau e Voltaire começaram a propagar os ideais do movimento que mais tarde ficou conhecido como Iluminismo. Ideais estes que também sofreram muitas influencias de cientistas como Isaac Newton, aliado a descobertas nas áreas da química, física e matemática.
A visão de mundo voltada para o homem, a valorização da razão em detrimento da religiosidade da Idade Média e a idéia dos direitos naturais do homem[1]·, foram alguns dos principais pontos defendidos neste período.
Na França a tensão política tornava-se crescente, na medida em que se intensificava a discórdia entre os adeptos da antiga forma de administração feudal e os filósofos iluministas.
Quando Montesquieu, filósofo iluminista, em seu livro “Do espírito das leis”, defendeu um governo onde o poder Executivo, Legislativo e Judiciário trabalham em harmonia, combatendo assim os governos absolutistas que vigoravam na época, lançou as bases do que seria a Revolução Francesa,( deixando os soberanos putos da vida) anos mais tarde.

A situação da França no século XVIII era caótica. Com crises econômicas, falta de alimentos, a sociedade ainda se organizava ao estilo feudal com a divisão em primeiro estado (nobreza), segundo estado (clero) e terceiro estado (todo o restante da população) e ainda existia um injusto sistema tributário, onde os mais pobres pagavam o luxo dos mais ricos. (e a merda ainda continua hoje em dia.)
Diante desse quadro, um grupo menos favorecido do terceiro estado, mas que possuíam riquezas, os burgueses, inspirados pela filosofia iluminista, mobilizam o povo e iniciam uma série de eventos conhecidos como Revolução Francesa, por meio no qual conseguem tirar os nobres do poder.
Para conseguir a vitória os agentes da revolução conclamaram o povo a se rebelarem contra o sistema que os oprimia, o que culminou com o episódio da Queda da Bastilha em 14 de julho de 1789. Na verdade, o episódio resultou em vantagens apenas para os burgueses, pessoas de grandes riquezas, já que após eles assumirem o poder, aquele mesmo povo continuou sendo explorado, desta vez pelos percussores do capitalismo. ( ou seja, se eles não me roubam, outros me roubam. Todo mundo te fode se tiver oportunidade!)
 No poder, os burgueses iniciam uma série de modificações no país. Porém, devido a uma cadeia de conflitos, uma crise se instaura que só é resolvida quando Napoleão Bonaparte assume.
Bonaparte inicia então, uma série de conquistas pela Europa, subjugando reis e instaurando seu domínio. Foi quando a França iniciou seus conflitos com a Inglaterra, primeiro por meio de um frustrado combate e depois por meio de um embargo comercial, que os fatos começaram a beneficiar o Brasil, no que diz respeito à sua independência.


[1]  Tais direitos são a vida, a liberdade e a propriedade privada

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Jesus Cristo, o Rebelde

Aproveitando as férias para trabalhar um pouco no tema do meu TCC, fiz um levantamento bibliográfico bem interessante sobre o chamado “Jesus histórico”. Para aqueles que não estão familiarizados com o termo, é comum os historiadores fazerem uma separação entre o Jesus da história e o Jesus da fé. Há quem diga que existem dois “Jesuses” e que o Jesus histórico pouco tem haver com o da fé, sendo este último uma deturpação do primeiro pelas lendas e mitificações.

Bom, sobre isso pretendo escrever em outra oportunidade (e se você é fiel leitor deste blog, sabe que isso pode demorar J). Mas o que eu gostaria de compartilhar com vocês agora é algo que hoje eu estava refletindo enquanto pesquisava os documentos pro meu trabalho. Jesus Cristo foi, de fato, o maior rebelde que existiu.

Jesus foi um homem totalmente outsider em sua época. Não estava nem um pouco interessado em agradar quem quer que fosse e sempre estava disposto a entrar em confronto com as autoridades para defender suas idéias. Penso no escândalo que deve ter sido esse filho do carpinteiro, ali sentado tranquilamente, conversando com uma mulher (mulheres eram totalmente desprezíveis naquele contexto) e ainda por cima, samaritana, povo que não era bem aceito pelos judeus. Mas Jesus não estava nem ai para o que iriam pensar. Fazia o que tinha certeza de que era certo. Pra ele não importava se as crianças, assim como as mulheres, não fossem bem vistas na sociedade. Ele lhes dava uma atenção que não era comum a um cidadão judeu. Jesus estava sempre do lado dos miseráveis, dos pobres, dos ditos pecadores, o que era inadmissível para qualquer judeu que se preocupasse com a sua imagem. Mas Jesus, desafiava o "status quo" de sua época com atitudes de um verdadeiro rebelde, de um inconformado, de um revolucionário que queria quebrar com a tradição de seus antepassados (dando uma nova interpretação da lei). Jesus foi um rebelde!
E pra concluir, penso em como a rebeldia de Jesus tem sido resguardada. Não se fala disso nos púlpitos e nem filmes e nem em estudos. Imagino no perigo para os que detêm o poder ter um rebelde sendo adorado como um Deus. Que tipo de sentimento isso despertaria? Que tipo de inspirações?  Acho que essa idéia deve até dar arrepios na espinha de muita gente lá em cima, no alto da pirâmide...

terça-feira, 21 de junho de 2011

Idade Moderna

O “Advento dos Tempos Modernos” tem sido estabelecido pela maioria dos historiadores, como tendo início na tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, em 1453 e vai até a tombada da Bastilha em 1789. Entretanto, outros historiadores (que gostam de complicar as coisas) preferem instituir outros marcos históricos para o início dos tempos modernos: Viagem de Colombo, que descobriu a América em 1492, Conquista de Ceuta pelos portugueses em 1415 ou viagem as índias de Vasco da Gama (escolha já o seu! J).
O fato é que nesse período do século XV, XVI (quinze e dezesseis, pra você que ainda não tem intimidade com os algarismos romanos) muitas mudanças estavam ocorrendo na Europa: pra começar, a derrocada do sistema feudal, que caracterizou a Idade Média: Os servos que antes ficavam escondidinhos dentro da segurança dos feudos, trabalhando feito burros de carga para os senhores feudais, viram que podiam muito bem viver fora da barra das vestes reais, e ganhar muito dinheiro, comprando e vendendo bugigangas. Era o comercio que começava a renascer.  E como ele pode renascer? Lembremos, crianças, da lição sobre a Idade Média, com sua sociedade imobilista divida em Nobres, clero e servos. Naquele tempo, a Igreja Católica, muito mais, digamos, incisiva do que é hoje, bradava aos quatro cantos que o lucro era pecado, acumular riquezas era pecado, cobrar juros era pecado, ainda que, ela própria fosse riquíssima (ai não era pecado). Por isso, os servos levavam uma verdadeira vida de gado (como diria Zé Ramalho), pois a eles não era permitido acumular riquezas, sendo obrigados a pagar muitas taxas para os seus senhores.
Quando os senhores desses servos começaram a ir para as cruzadas, as pessoas começaram a procurar outros locais para sobreviver e descobriram que poderiam fazer isso comprando, por exemplo, duas galinhas por cinco peixes, e vendendo os referidos galináceos por sete peixes, obtendo ai um lucro. Opa! E não é que isso era bom demais da conta? Nascia ai então o comerciante, que vivia do lucro de suas atividades. Esses comerciantes que começavam a ficar ricos começaram a viver em regiões fora dos feudos que ficaram conhecidas como “burgos”, palavra de origem anglo-saxão que significa cidadela ou fortaleza.
Essas cidades ficavam localizadas entre o castelo senhorial e a muralha que a protegia, assim, elas conseguiam proteção em caso de uma invasão.  Logo, o burguês, como ficou conhecido o morador do burgo, deixou de fazer troca de produtos, pra usar um método mais prático de troca, que facilitava a vida de todo mundo. Daí é que a moeda ganhou mais importância na hora do comércio.
Assim, os burgueses se tornaram cada fez mais ricos e poderosos, através da prática do comércio. Surgiram às feiras onde muitos produtos eram oferecidos aos compradores o que exercia certa atração, afinal de contas imagine você, um servo do período Medieval, tendo que calejar suas mãos segurando o cabo de uma enxada pra poder obter a sua cenoura, o seu alface, a sua beterraba e de repente alguém oferece por algum preço o produto ali prontinho, só levar pra casa? Por isso que as feiras se tornaram muito populares nesse período e viraram a sensação do momento. E ai nascem os dias da segunda feira, terça feira, quarta feira, quinta feira e sexta feira, que hoje dão os nomes dos dias da semana. (e caem por terra um dos vários “porquês” da minha infância). Outro fato interessante que ocorria nessas maravilhosas feiras: se você, meu senhor e minha senhora, fosse às compras e tivesse receio de ser abordada por algum meliante, algo muito comum “naquela época”, existia na feira certos homens com quem você poderia deixar o seu dinheiro guardadinho e, depois recuperá-lo, pagando uma taxa por esse serviço. Como esses homens ficavam sentados em bancos dispostos em meio à feira, logo ficaram conhecidos como “banqueiros”.
Aos poucos, o desejo burguês de enriquecer, a ância de alcançar novos horizontes, apreciar novas possibilidades, fazia com que as pessoas criassem novos conceitos, aumentava o desejo de quebrar com os antigos paradigmas estabelecidos há séculos pela visão catolicista do mundo. Uma nova interpretação dos fatos era necessária. Desta forma, esse novo homem alheio à religiosidade de tempos remotos, se lança de cabeça no conhecimento científico e busca de novas verdades que se enquadrassem nesse seu novo estilo de vida. Desta busca nasce o anelo de voltar aos ideais no mundo clássico. É o período da Renascença, do surgimento do artista, da genialidade de Leonardo da Vinci e Michelangelo. Bem mais tarde, esse movimento possibilitou o surgimento do Iluminismo, com Jean Jacques Rousseau, Voltaire, Robespierre e todo o restante da turma, que influenciam a revolução francesa, evento que iniciou um processo drástico de mudanças no mundo. 
No campo político, os séculos XV e XVI (já aprenderam, né?) foram repletos de modificações. Os ricos burgueses sem força política se uniram aos reis sem força financeira e juntos fizeram uma suruba do qual veio a nascer os primeiros Estados Nacionais. 
Os burgueses se beneficiaram imensamente dessa sociedade e se tornaram ainda mais prósperos.
Nascia então o mercantilismo, um novo jeito de encarar a economia, calcada em alguns fundamentos básicos:
1.       Metalismo: Também conhecido como “Vamô passá a mão no teu ouro!”. Pregava que para uma nação ser grannnndee e forte, tinha é que ter bastante ouro, prata e outros metais preciosos.
2.       Colonialismo: Também chamado de “Vamô invadi sua praia!”. Era a crença de que se um país não tinha o ouro suficiente em seu território, a solução era simples: Só invadir o território do outro e pegar tudo o que for preciso!
3.       Balança Comercial Favorável. Não tenho nenhuma piadinha pra esse daí não. Acreditava-se que um país era próspero quando vendia mais do que comprava. Por isso é que foi estabelecido o pacto colonial.
E foi assim, crianças, que aconteceu o surgimento o modelo do capitalismo, as grandes navegações, descoberta do Brasil, etc...
Cansei... chega por hoje
Até a próxima, queridos amantes da história!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

As Grandes Navegações

Foi o historiador Jacque Le Goff quem afirmou “A sociedade medieval nasceu sobre as ruínas do mundo romano (...)”
Esta sociedade que floresceu em meios os escombros de Roma, foi caracterizada pelo imobilismo, pela forte presença da Igreja Católica, dando pitaco em tudo  e pela organização social dividida entre nobres, clero e servos.(havia também os escravos, mas esses nem contavam, pois eram tratados como objetos)  O comércio era natural, ou seja, quando havia necessidade, podia-se trocar um produto em que se tinha abundancia, por outro que fosse escasso. (o famoso troca-troca J)
Muitos foram os fatores pelos quais esse tipo de sociedade foi entrando em declínio. Um dos principais foi a retomada das atividades comerciais e conseqüente ascensão dos burgueses, que com o exercício da atividade comercial tornar-se-iam poderosos e influentes, sendo que até os reis começaram a pagar um pau pra eles.
A busca por riqueza era desejável para essa nova classe em ascensão, bem como de especiarias. Por isso, era conveniente o comércio com a África, fornecedora de escravos e marfim, com a Índia, que fornecia especiarias, com a China, grande fornecedora de seda (e ópio pra deixar os europeus doidões, isso sim é que era a grande viagem!), com o Japão, onde podia se encontrar o tão cobiçado ouro e com a Pérsia, de onde vinham os mais belos tapetes e a porcelana.
Essa nascente avidez comercial encontrou-se com o desejo dos nobres de reconquistar as terras perdidas para os árabes e ganhar a simpatia da igreja católica pela luta contra os hereges. Além disso, havia o interessa mútuo de tomar posse de Ceuta, um importante centro comercial da época.
Estabelece-se, então, uma associação entre comerciantes e nobres, pois para empreender tal aventura os burgueses necessitavam do apoio do governo e o governo da grana dos burgueses. Desta sociedade é que vem à luz duas coisas importantes para a compreensão dos eventos que se estabelecem nessa época: a formação dos estados nacionais e o mercantilismo.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Debret: a alma da missão francesa

Aviso aos leitores: Essa postagem é parte de um artigo ciêntífico que fiz para a faculdade, portanto, peço desculpas pela linguagem polida e educada da mesma.

Contribuição do meu colega de classe, Cassiano Varani!

Tendo Dom João VI juntamente com toda a corte portuguesa, fugido para o Brasil tencionando evitar as tropas de Napoleão Bonaparte, ao fixar-se em terras brasileiras nasceu-lhe o desejo de transformar a colônia. Começa então uma série de medidas que trás muitas mudanças para o Brasil: a criação da primeira faculdade de Medicina, a criação do Jardim Botânico, com a intenção de servir às pesquisas e a abertura dos portos para as nações amigas, o que pôs fim ao antigo pacto colonial, no qual ficava estabelecido que ao Brasil, na qualidade de colônia, não podia fazer comércio com outro país que não Portugal. Com essa atitude, portanto, o Brasil deixava sua posição de colônia.
Ainda dentro dos desejos de desenvolvimento do Brasil, Dom João VI preocupado com o crescimento cultural da antiga colônia, solicita a vinda de artistas franceses com o intuito de fundar a Academia de Belas Artes. Deste modo, desembarca no Rio de Janeiro, a 26 de março de 1819, um grupo de artistas franceses.
O grupo que ali aportou era composto pelos artistas: Joachim Lebreton (1760 – 1819), líder do grupo, o pintor histórico Debret (1768 - 1848), o paisagista Nicolas Taunay (1755 - 1830) e seu irmão, o escultor Auguste Marie Taunay (1768 - 1824), o arquiteto Grandjean de Montigny (1776 - 1850) e o gravador de medalhas Charles-Simon Pradier (1783 - 1847).
Em 12 de agosto de 1816 é criada a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, que na prática não existiu além do campo da formalidade, uma vez que para seu funcionamento houve uma gama de dificuldades, como por exemplo, as pressões de membros lusitanos do governo, contrários à presença francesa no país e as dificuldades estruturais e materiais do Rio de Janeiro no século XVII, além da falta de interesse da população em cultura.
Durante a espera pelo início das atividades na Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, Debret e Grandjean de Montigny, artistas franceses, aceitam encomendas oficiais. Dentre estes, é Debret quem realiza diversas telas para a família real.
Jean Baptiste Debret (1768-1848) nasceu em Paris e em 1816 integrou o grupo de artistas franceses que desembarcaram do Brasil para iniciar a Missão Artística Francesa. Seu pai Jacques Debret trabalhava para o parlamento francês e possuía grande interesse por história natural, seu irmão, François Debret, era arquiteto e membro do Institut de France, uma prestigiada academia francesa que agrupava os intelectuais que mais destaque possuíam em cada área do saber humano.
Estudou na Academia de Belas artes de Paris, onde foi aluno de Jacques-Luís Davi, considerado o principal representante do neoclassicismo na Europa.
Com o apoio da revolução, estudou engenharia por cinco anos. Contudo, voltando-se para a pintura, expos um quadro no salon de 1798, devido ao qual, ganhou o segundo lugar nas premiações. Em 1805 recebe menção honrosa pelo quadro: Napoleão presta homenagem à coragem infeliz, definindo assim, o tema que iria se repetir mais algumas vezes em sua carreira na França: Napoleão Bonaparte.
Em 1816, desembarca no Brasil como membro do grupo de artistas franceses trazidos por Dom João VI.
De todos os artistas franceses que no Brasil trabalharam, Debret foi o que nos legou maior quantidade de obras, seja devido ao seu tempo maior de permanência no país, ou pelo trabalho de seus alunos.
Já em seus primeiros dias no Brasil trabalha com tenacidade, pintando telas que retratavam o cotidiano do povo brasileiro bem como também retratou membros da família real, incluindo o próprio Don João VI.
Em 1820 estoura em Portugal a Revolução Liberal do Porto, forçando o retorno de Dom João ao trono lusitano. Debret solicita ao príncipe regente, Dom Pedro, que lhe fornecesse um dos ateliês construídos no edifício da Academia de Belas Artes, pedido que só foi atendido em 1823.
Reuniu, então, oito discípulos em seu ateliê, aos quais ensinou pintura. Impressionado com o que viu em uma visita ao ateliê de Debret, Dom Pedro resolve criar a Academia de Belas Artes, que se instala em 1826.
Em virtude do início dos cursos, Debret organizou a primeira exposição dos trabalhos de seus alunos. Causou tão boa impressão que o artista francês foi condecorado com a ordem de Cristo. Também em virtude dessa exposição, o ministro S. Leopoldo dispensou alguns alunos do curso preparatório de desenho, devido à tão boa impressão que lhe causou as obras ali expostas
Em 1831, após quinze anos de trabalho no Rio de Janeiro, retorna a França. Em 183 publica a obra: “Viagem pitoresca e histórica ao Brasil, ou Cotidiano de um artista francês no Brasil”, onde aborda diversos assuntos relacionados ao país, incluindo, é claro, um estudo sobre Belas Artes e o desenvolvimento das artes durante os primeiros anos de formação do país. O segundo volume é publicado em 1834 e o terceiro volume no ano seguinte.
Morre em 1848, em Paris
A Obra de Debret é de uma importância ímpar para o Brasil por sua característica historiográfica. Os quadros pintados por Debret constituem hoje importantes registros sobre usos e costumes do povo brasileiro no século XVIII.
Juntamente com os demais artistas franceses que desembarcaram no Brasil em 1816, Debret contribuiu para o nascimento do ensino de arte no Brasil e ajudou a formar a idéia da liberdade artística, numa sociedade acostumada com o artesanato e com a arte ditada pela religião.
Do ponto de vista estilístico, Debret é desprovido de qualquer emoção. O caráter historiográfico de suas telas necessita de uma abordagem objetiva, fria. O próprio Debret se referia ao seu trabalho como “documentos históricos e cosmológicos” e Beluzzi (1994) observa que: "Debret procura um ponto de vista impessoal, preceito de pintura histórica, na qual se havia formado com Jacques-Louis David. Relaciona-se com os temas que registra, colocando-se como narrador diante da realidade dos fatos”
Devido ao enfoque documental nas obras de Debret, observa-se que vários detalhes da vida no Rio de Janeiro foram retratadas, bem como o dia- a- dia dos escravos, dos indígenas, dos miseráveis, dos ricos, e da corte portuguesa.
Sua obra procura regatar as particularidades do país e do povo brasileiro preocupando-se em preservar o passado daquele povo. Assim, tencionava mostrar à Europa que o Brasil merecia lugar junto aos demais países civilizados.
Embora as cenas que retratava, nem sempre eram representadas fielmente, Valéria Lima diz: “não podemos considerar os volumes de Debret como retratos fiéis do Brasil oitocentista, mas como um grande exemplar de pintura histórica." (Pág. 8.)
Refletindo sobre a obra de Debret e analisando alguns de seus quadros podemos ver, por exemplo na tela intitulada: distribuição das cruzes da legião de honra, Napoleão encontra-se na igreja dos inválidos, que foi o hospital, igreja e lugar onde ele distribuia medalhas de honra ao mérito, tanto de vitórias nas guerras como deferidos. Na tela multicolorida das cores francesas, branco,azul e vermelho principalmente, temos no palanque Napoleão sentado em seu trono de imperador com dezenas de oficias e familiares, quase todos com uniforme de guerra, vesse que era uma sociedade militarizada.
Na tela “caçador de escravos” de 1830, temos vários indígenas seminus apenas com taba-sexo de panos com avental. Estão numa bica de água com um pequeno riacho, onde parece que esta muito quente e eles fazem uma parada para se refrescar, estão caminhando de passagem por entra uma vegetação maravilhosa e idílica, pinta ele com todo requinte dos mestres, o céu esta quase todo coberto pela vegetação, ainda vesse uma pequena oca, taba, com rede no meio e alguns indígenas na porta.
Em guerreiro indígena a cavalo, temos uma obra de relevância brasileira no que lembra forma muito bem registrada um índio que assimilou o costume europeu de lutar ao cavalo Ele segura uma lança fina e comprida de madeira, com algumas penas na ponta afiada e no meio, tem um colete de guerra. Seu cavalo tem pano de cela e um estribo. Está bem à vontade numa região quente e ele esta passando de uma forma violenta em um riacho.
Na tela castigo de escravo, vemos o litoral do Rio de Janeiro caloroso, com montanhas e a costa, esta retratando toda a crueldade da escravidão com dois escravos, amarrados quase seminus, um no chão e outro no tronco da arvore, estão sendo chicoteados, é um castigo, porem as pessoas que os torturam são negros também e estão muito bem vestidos até com chapéus e blusas.
Na tela “Dom. João VI”, o Imperador é retratado com seu trono coberto de roupas majestosas e com muito planejamento. Em um pequeno altar, esta imponente com olhar juvenil de tranqüilidade, riqueza e poder. Está em pé com sua mão direita na coroa real. Percebesse que ele tem muitos súditos, é muito rico e importante.

Conclusão
Sendo que, em meados do século XVIII, a arte no Brasil seguia os antigos padrões medievais, delimitada pela religião em caráter artesanal. A missão artistica Francesa foi integrada aos esforços de Dom João VI de trazer modernidade e sofisticação para a antiga colônia portuguesa, inagurando em terras brasileiras o estilo neoclassico.
Dentre os artistas franceses que no país desembarcaram, digno é de especial atenção pelo caráter historiográfico de sua obra, Jean-Baptiste Debret, pois é por meio de suas telas que se podem observar as características do Brasil do século XVIII: os costumes do povo, a escravidão, as relações hierárquicas, o dia-a-dia da vida do povo e da nobreza.
Por ter sido discípulo de Jacques-Luís Davi, foi lhe atribuída a função de cenógrafo da Corte para registrar os grandes acontecimentos do país. Registrou então, muitas gravuras de eventos contemporâneos, pois tanto o artista, quanto a Corte, concordavam que essas gravuras historiográficas eram essenciais para a divulgação da imagem do país.