Todas as
vezes que as pessoas se veem perdidas em suas esperanças, se veem sem rumo, sem
perspectivas de uma vida melhor, é natural que se anseie por um herói que
ofereça a salvação de todas as mazelas.
Uma pessoa iluminada, dotada de características que a faz acima da
média, alguém capaz de oferecer um novo começo ao povo sofrido. O Gilgamesh dos
Sumérios, o Noé dos Hebreus, Hércules dos gregos e tantos outros exemplos que
seria uma desmesurada tarefa relatá-los todos.
No período
pós-revolucionário, quando os sussurros de liberdade, igualdade e fraternidade
pareciam sufocados pelo rugido das perseguições, assassinatos, traições e
execuções, o anseio por um salvador manifestou-se entre o povo francês da mesma
forma como acontecera tantas e tantas vezes na história dos povos antigos.
É nesta
situação que surge a figura de Napoleão Bonaparte, que no episódio conhecido
como o golpe dos 18 de Brumário, foi alçado à liderança do governo francês auxiliado pelos militares e pela elite formada
por grandes comerciantes.
As primeiras
providências do messias francês no poder estavam relacionadas à manutenção da
governabilidade, onde se sucederam prisões de opositores, empastelamento de
jornais, entre outras.
Rapidamente
Bonaparte se tornou muito popular entre seu povo graças às melhorias que foram
ocorrendo na França: avanço da economia e no transporte, revolução do campo da
educação com a criação de escolas e cursos
específicos para a formação de professores,
uma mudança na área jurídica com a criação do código Napoleônico. Todas
essas proezas foram atraindo os olhares do mundo, difundindo a fama do líder
francês.
No momento
favorável e com o povo ao seu lado, Bonaparte tornou-se o Imperador da França.
Adotou uma política expansionista que em pouco tempo, com seu imbatível
exército, conquistou quase a totalidade da Europa exceto a nação que lhe seria
a pedra no sapato, a Inglaterra: uma terra cercada pelas águas e protegida pela
melhor marinha do mundo onde nem mesmo o invencível exército de Napoleão
conseguiria a vitória por mar, o que ficou evidente na vitória do almirante
Nelson na Batalha de Trafalgar.
Diante desta
situação Bonaparte teve uma sacada de mestre: se não podia derrotar um inimigo
muito forte, iria enfraquecê-lo primeiro. E assim nasceu o decreto do Bloqueio Continental, onde nenhum país
poderia fazer comercio com a Inglaterra. A intenção obviamente era assistir de camarote
os ingleses definhando para que os exércitos bonapartistas pudessem,
finalmente, vencer o poderoso inimigo.
Brilhante! E poderia até ter dado certo, se Portugal não estivesse às
ocultas ajudando a Inglaterra, furando o bloqueio. Em resposta Napoleão invadiu
Portugal enquanto a família real portuguesa fugiu para o Brasil.
O começo do
fim da era napoleônica se deu na medida em que os franceses começaram a se
frustrar com o seu messias, que havia esquecido a França e entrado em uma
guerra sem fim com o mundo inteiro. Seu exército também já não aguentava mais a
vida difícil de constantes batalhas, sem descanso. Quando os russos se
aperceberam deste fato, furaram eles também, o Bloqueio Continental a exemplo
de Portugal, fazendo comércio com a Inglaterra. Novamente Napoleão respondeu
invadindo a nação rebelde. Mas apesar da vitória, o exército de Napoleão voltou
da Rússia totalmente em frangalhos. Foi neste momento que a Inglaterra,
percebendo a fragilidade e juntando forças com Áustria e Prússia, invadiu a França, derrotou o exército de
Napoleão, sendo este capturado e mandado como prisioneiro para a ilha de Elba.
Bonaparte ainda tentou dar a volta por cima fugindo de sua prisão e conseguindo
mais uma vez tomar o poder na França, o que ficou conhecido como o governo dos cem dias. Porém, foi
definitivamente derrotado pelos exércitos ingleses. Desta vez, mandado para a
ilha de Santa Helena, Napoleão ficou exilado até morrer.
Napoleão Bonaparte, hoje, é considerado um dos
grandes estrategistas militares do mundo moderno.