Quando digo que o problema
da educação brasileira é cultural, a famosa “bater na mesma tecla”, torna-se
uma expressão apropriada.
No Brasil, difundiu-se a ideia de que a escola nada mais é do que uma forma de se obter sucesso profissional. Assim, trocando o todo pela parte, perde-se a sua verdadeira finalidade.
No Brasil, difundiu-se a ideia de que a escola nada mais é do que uma forma de se obter sucesso profissional. Assim, trocando o todo pela parte, perde-se a sua verdadeira finalidade.
Física, Química, Matemática,
História, Biologia, Geografia, Línguas, Artes e todos os demais temas escolares,
devem ser atrelados a um centro, que é o verdadeiro objeto de estudo da escola,
a saber, o mundo.
Aprender sobre como o mundo
funciona é competência necessária para que o indivíduo crie uma relação
saudável com o meio em que vive. Quanto mais saudável for a relação do indivíduo
com o mundo, mais ela irá se desenvolver como ser humano. O desenvolvimento
pessoal deve ser o foco da escola. É necessário mudar, urgentemente, a cultura
que enxerga a escola como cabide de emprego, sob o risco de, futuramente,
termos um mercado repleto de profissionais e escassos de seres humanos
descentes.
Educação de qualidade não se
resume a cadeiras confortáveis. Nem a uma iluminação apropriada, carteiras,
quadros e livros didáticos. Tudo isso são elementos facilitadores do processo
de aprendizagem. Lembrando que os maiores professores da história não tinham nada
disso: Jesus ensinava nos montes da Judéia. Sócrates nas praças da Grécia.
Aristóteles caminhava tranquilamente com seus alunos pelos jardins de sua
escola peripatética, enquanto ensinava. Estamos falando de homens que mudaram o
mundo por meio de seus ensinos.
A qualidade no ensino tem
como parte ativa o próprio aluno. Sem ela, as grandes estruturas, os modernos
recursos didáticos e metodologias serão inúteis. Despertar o interesse dos alunos não depende
de professores/animadores de auditório, pois estes chamam a atenção para si, e
não para o conhecimento. Se a semente não cair na boa terra, não criará raízes
e o ensino será rasteiro, sem profundidade.
Na escola, o astro principal deve ser o seu objeto de estudo. O mundo.
O ser humano só é capaz de
aprender sobre aquilo com o qual desenvolveu um sentimento afetivo. O amor pelo
objeto estudado é o mais poderoso dos estímulos. Muito maior do que o medo, ou
o desejo de sucesso. Quem aprende pelo medo, aprende pela metade. Quem aprende
pelo amor aprende mais e melhor.
Fazer com que o aluno
desenvolva esse amor pelo mundo em que vive, não pode ser tarefa apenas do
professor. Antes, deve ser um trabalho em conjunto de toda a sociedade.
Acredito que responsabilidade social são as palavras corretas.
Se o amor é o combustível
necessário para o bom aprendizado, a disciplina cria o ambiente interno
necessário para que ela ocorra. Estudar nunca foi e jamais será uma tarefa cem
por cento fácil. Tampouco pode ser cem por cento divertido e agradável. Acredite,
é saudável que seja assim. O mundo que amamos e vivemos não é feito de coisas
cem por cento agradáveis, fáceis e divertidas. Se não tivermos disciplina
mental para lidar com elas encontraremos, certamente, muitas dificuldades para
lidar com determinados aspectos da vida. O prejuízo pode ser imenso para a
formação do indivíduo enquanto profissional, pai, mãe, marido, esposa, como ser
humano, afinal.
Por fim, o elemento
indispensável ao processo de aprendizagem e atualmente subestimado. Mas, o fato
que nenhuma novidade metodológica conseguiu superar, são os efeitos que a
repetição tem sobre a aprendizagem. Evidentemente, quando uma informação é
repetida e trabalhada de formas variadas, a tendência é que essa informação
acabe se fixando na mente do estudante. Neste sentido, fica claro que a qualidade deve
ser preferível à quantidade.
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