sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

O dever e o direito à educação

O Artigo 205 da Constituição Federal de 1988 reza que a educação é “direito de todos e dever do Estado”.  Analisando cuidadosamente a questão, podemos fazer uma reflexão sobre o significado de “direito” e “dever”, para concluir que talvez o tema não seja assim tão simples de ser abordado, pois quando falamos em “direito” fica impossível não fazer vinculo com algo que seja necessário e encarado como prioridade na vida de quem o procura. Cabe lembrar que ninguém procura direitos pelos quais não tem interesse. Com o direito, também se associa o conceito da liberdade de não usufrui-lo.
Cabem então as perguntas: seria a educação encarada como uma prioridade ou uma necessidade na vida do brasileiro?  Teria o brasileiro à liberdade de não se educar em uma escola se assim for o seu desejo?  O Estado tem cumprido o seu “dever” de fornecer o “direito” à educação para todos?
Não é preciso investigar muito a fundo para constatar que para quase a totalidade da população, a educação não é uma prioridade. Basta para isso observar três minutos de uma aula da quinta série, por exemplo. E a julgar pelos relatos de muitos professores do ensino superior, a situação não se limita aos pequenos. A culpa, é claro, não pode ser imputada somente aos estudantes. A curiosidade e o desejo de aprender é uma característica humana. Basta observar o comportamento das crianças em seus primeiros anos de vida para constatar isso. É um fato sociológico que o homem é fruto do seu ambiente, de maneira que dificilmente um indivíduo manterá sua disposição inata para o aprendizado em um meio onde a sociedade e, de um modo mais específico, a mídia enaltece outros valores. A paixão pelo aprendizado tende a arrefecer.
Muito menos a culpa pode ser lançada sobre os professores ou sobre os métodos. Professores e métodos são apenas instrumentos do aprendizado. Em educação, o sujeito ativo é o aluno.  Um bom professor e um bom método ajudam, mas de longe não podem ser o mais importante, de maneira que o fracasso no aprendizado não deve ser de responsabilidade exclusiva deles. Alinhem-se os interesses da sociedade com o trabalho da escola e os resultados serão bem melhores.
Na ânsia de se fazer entender a alunos que não julgam a educação uma prioridade, a escola vem cada vez mais empobrecendo a sua linguagem. Como resultado o Brasil veem ocupando os últimos lugares nas listas mundiais de educação. Some-se a isso a destruição de consciências que se faz com uma educação criadora de ativistas, ao invés de indivíduos realmente pensantes e está completa a calamidade.
Como a educação é um direito de todos, teria um pai à opção de não matricular seu filho em um sistema obviamente falido e educa-lo em casa? Este mesmo pai teria, também, a opção de não pagar a parte dos impostos destinados a este fim? Obviamente que não. Logo, a educação não pode ser um direito de todos, pois é contraditório punir o beneficiário por não querer usufruir de seu “direito”.  Ou a educação é um direito no qual existe a opção de não usufrui-lo, ou é um dever de todos onde cabem ações legais para quem não o cumpre. Não é preciso um diploma universitário para compreender isso.
Se a educação é direito de todos alguém deve ter o dever de proporciona-lo, isto, segundo se acredita, cabe ao Estado. É obvio, por uma questão de logística que o Estado não tem condições de atender toda a população de um país de dimensões continentais. A escola que funciona, deveria ensinar que entre aquilo que se escreve e a realidade como se apresenta existe uma gigantesca distância.

Nenhum comentário:

Postar um comentário