segunda-feira, 9 de abril de 2012

A Participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial

Ambigüidade.
Segundo o dicionário é a qualidade do que é indeterminado, ambivalente, paradoxal.
Se pudéssemos personalizar o conceito, talvez seu nome fosse Getúlio Vargas. Para entender o porquê, vamos analisar o contexto histórico em que ele viveu:
Getúlio Dorneles Vargas nasceu em 1882 no município de São Borja, estado do Rio Grande do Sul. No início do século XX, época em que Vargas trabalhava como promotor público, difundia-se em seu estado o castilhismo, corrente política de cunho autoritário cuja influência ajuda a explicar a posterior admiração de Vargas pelas formas de governo da Alemanha (nazista) e Itália (fascista)
A crise financeira de 1929 contribuiu para que o liberalismo fosse questionado e fortaleceu a ideologia autoritária, a crença em um Estado forte e todo ideário nacionalista que caracterizou não apenas o Brasil, mas também países europeus.
Quando instaurou o Estado Novo em 1937, Getúlio Vargas optou pela criação de um Estado forte e de profunda inspiração no modelo fascista, tanto que não hesitou em extraditar para Alemanha a militante de origens judaicas, Olga Benário, que morreu executada no campo de extermínio de Bernburg.
Quando os Estados Unidos entraram na Segunda Guerra Mundial, houve uma preocupação por parte dos americanos em relação às afinidades do governo brasileiro com a Itália e Alemanha, pois se o Brasil começasse a apoiar os países do Eixo (Itália, Alemanha e Japão), seria uma vantagem estratégica perigosa. Contudo, até então o Brasil assumira uma postura de neutralidade frente aos conflitos.
Tirando vantagem da situação, Getúlio Vargas conseguiu um empréstimo de 20 milhões de dólares para a construção da Usina de Volta Redonda. Era a política da boa vizinhança do presidente Roosevelt em ação, dando incentivos financeiros muito embora possuísse planos de invadir o nordeste brasileiro caso o país insistisse em se manter neutro na guerra.
Vargas por fim, acabou declarando guerra aos países do Eixo por alguns motivos: o bombardeio alemão aos navios brasileiros, em represaria à adesão do Brasil aos compromissos da Carta do Atlântico, pressões populares e pressões diplomáticas norte-americanas.
Daí a ambigüidade: por um lado temos o combate à forma autoritária de governo, sendo que no próprio solo mantinha-se uma forma de governo autoritária. Politicamente, a participação brasileira na Segunda Grande Guerra aumentou o prestígio brasileiro no cenário internacional, principalmente frente aos Estados Unidos, mas não conseguiu abafar a tensão de uma ambivalência entre o sentimento de liberdade pós-guerra e um Estado repressor. Ambivalência que foi sentida pelas estruturas do poder varguista e que foi responsável pelo fim do Estado Novo em 1945.

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