Se existe um mal que se alastra como uma praga na maneira de pensar do brasileiro é aquele que nos obriga a criticar tudo e conhecer quase nada. Este mal se tornou evidente no recente debate entre Marco Feliciano e Felipe Neto.
Não vou me concentrar no aspecto
político do debate, uma vez que este foi muito bem tratado pelo senhor
Feliciano, mas sim, no teológico, uma vez que foi precisamente ali, onde se tornaram
mais gritantes os efeitos nocivos do mal. Curiosamente, Marco Feliciano se
mostrou um melhor político, do que teólogo, apesar de ser pastor há muito mais
tempo do que é político.
Em primeiro lugar, cabe perguntar
se beber da fonte de bom grado e ao mesmo tempo a considerar contaminada seria
uma atitude a ser esperada de qualquer um que analise os fatos de maneira
apropriada, ou ter afeição por um médico que lhe curou de uma doença grave e ao
mesmo tempo o considerar um incompetente, ou ainda, procurar o alívio para a
dor na substância que lhe causa agonia mortal.
É exatamente este o erro que fica
evidente na fala do jovem Felipe Neto, ao aceitar o Jesus Cristo pregado por
Paulo, ao mesmo tempo em que recusa a aceitar o que Paulo fala em nome de
Cristo.
Naturalmente, Chesterton, num de
seus arroubos de genialidade, acertou em cheio quando escreveu: “Fanático, é o
homem que acha que o outro está errado em tudo, por estar errado em alguma
coisa”. Esta ideia não faria menos
sentido se fosse colocada da seguinte maneira: “fanático, é o homem que acha
que o outro está certo em tudo, por estar certo em alguma coisa”. Todavia,
faltou ao jovem Felipe Neto explicar o porquê Paulo estaria certo sobre tudo,
menos sobre um determinado assunto.
Por diversas vezes, o jovem Neto
se mostrou melhor teórico, do que teólogo, ao interpretar o texto de Romanos
sem contextualiza-lo com o que registra o livro de Apocalipse, pois se tivesse
assim procedido, a conclusão de universalidade e atemporalidade teria sido tão
clara como o céu, ao sol do meio dia.
Outra tese felipiana seria
referente ao termo grego (e não hebraico) “malakoi”,
que não encontra respaldo entre os maiores especialistas em textos bíblicos,
como Walter Bauer, famoso teólogo e lexicólogo do Novo testamento, segundo o
qual “malakoi” se refere ao
comportamento homossexual passivo e “arsenokoitai”., traduzido como “sodomita”, se refere ao
comportamento homossexual ativo.
Obviamente, quando se está disposto a criticar
ao invés de aprender, ou mesmo se esforçar para entender corretamente um
assunto, as portas da racionalidade se fecham de tal maneira, que o que sobra é
apenas um show de mal entendidos e complexos de pombo enxadrista.
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