sexta-feira, 8 de julho de 2016

Marco Feliciano x Felipe Neto



Se existe um mal que se alastra como uma praga na maneira de pensar do brasileiro é aquele que nos obriga a criticar tudo e conhecer quase nada. Este mal se tornou evidente no recente debate entre Marco Feliciano e Felipe Neto.

Não vou me concentrar no aspecto político do debate, uma vez que este foi muito bem tratado pelo senhor Feliciano, mas sim, no teológico, uma vez que foi precisamente ali, onde se tornaram mais gritantes os efeitos nocivos do mal. Curiosamente, Marco Feliciano se mostrou um melhor político, do que teólogo, apesar de ser pastor há muito mais tempo do que é político.

Em primeiro lugar, cabe perguntar se beber da fonte de bom grado e ao mesmo tempo a considerar contaminada seria uma atitude a ser esperada de qualquer um que analise os fatos de maneira apropriada, ou ter afeição por um médico que lhe curou de uma doença grave e ao mesmo tempo o considerar um incompetente, ou ainda, procurar o alívio para a dor na substância que lhe causa agonia mortal.

É exatamente este o erro que fica evidente na fala do jovem Felipe Neto, ao aceitar o Jesus Cristo pregado por Paulo, ao mesmo tempo em que recusa a aceitar o que Paulo fala em nome de Cristo. 
Naturalmente, Chesterton, num de seus arroubos de genialidade, acertou em cheio quando escreveu: “Fanático, é o homem que acha que o outro está errado em tudo, por estar errado em alguma coisa”.  Esta ideia não faria menos sentido se fosse colocada da seguinte maneira: “fanático, é o homem que acha que o outro está certo em tudo, por estar certo em alguma coisa”. Todavia, faltou ao jovem Felipe Neto explicar o porquê Paulo estaria certo sobre tudo, menos sobre um determinado assunto.

Por diversas vezes, o jovem Neto se mostrou melhor teórico, do que teólogo, ao interpretar o texto de Romanos sem contextualiza-lo com o que registra o livro de Apocalipse, pois se tivesse assim procedido, a conclusão de universalidade e atemporalidade teria sido tão clara como o céu, ao sol do meio dia.

Outra tese felipiana seria referente ao termo grego (e não hebraico) “malakoi”, que não encontra respaldo entre os maiores especialistas em textos bíblicos, como Walter Bauer, famoso teólogo e lexicólogo do Novo testamento, segundo o qual “malakoi” se refere ao comportamento homossexual passivo e arsenokoitai”., traduzido como “sodomita”, se refere ao comportamento homossexual ativo.

Obviamente, quando se está disposto a criticar ao invés de aprender, ou mesmo se esforçar para entender corretamente um assunto, as portas da racionalidade se fecham de tal maneira, que o que sobra é apenas um show de mal entendidos e complexos de pombo enxadrista.

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