quarta-feira, 10 de novembro de 2010

E o assunto é: Alexandre, o Grande

Alexandre III da Macedônia foi umas das personalidades mais marcantes de todos os tempos:  conquistador da Antiguidade, expandiu seu império de uma forma que nem mesmo seu pai, em seus sonhos mais selvagens, havia concebido. Uma pena que o filme de Oliver Stone tenha transformado Alexandre em uma bicha louca. Estranho a maneira como ele é retratado no filme: um pivete indeciso, frouxo, inseguro e sempre se escondendo debaixo das túnicas da mãe, ou se perdendo “entre as pernas de Heféstion”. Assim, fica difícil enxergá-lo como alguém que, de fato, conquistou o mundo inteiro com a força de sua espada.
Pra explicar como isso se deu (sem trocadilhos), eu preciso falar sobre como a Macedônia conseguiu alcançar a hegemonia na Grécia. Isso começou a acontecer a partir da batalha de Mantinéia em 362 antes de Cristo. Esta batalha foi travada entre as cidades de Tebas e seus aliados contra Esparta (sempre ela!) e seus aliados. Tebas era na época a grande potência grega e era comandado pelo Epaminondas, o grande nome daquela cidade.
Embora a cidade de Tebas tenha saído vitoriosa dessa batalha, ela ficou muito enfraquecida. A morte de sua principal figura, o comandante Epaminondas, abalou profundamente a moral tebana.
Ora, com Tebas enfraquecida e Esparta derrotada, ficou muito mais fácil para Felipe II, rei da Macedônia, ir aos poucos ocupando as cidades gregas e somente Atenas lhe oferecia alguma resistência.
E essa pendenga eles foram resolver em 338 antes de Cristo, no que ficou conhecido como a Batalha de Queronéia. Foi nessa batalha que  Filipe derrotou os exércitos  de Atenas, Tebas e outras cidades gregas, consolidando a dominação macedônia na Grécia.
Inclusive, nessa batalha de Queronéia, lutou também o Alexandre, que na época tinha 18 anos. Ele fez parte da cavalaria.
Mas vamos voltar um pouco no tempo, até o ano 356 antes de Cristo, mais precisamente no dia 20 de junho de 356, que foi quando o Felipe II da Macedônia recebeu a notícia de que Alexandre havia nascido. Nasce então o Alexandre, filho de Felipe II da Macedônia, com Olimpia de Épiro.
Segundo a biografia que foi escrita pelo filósofo Plutarco , Alexandre desde pirralho foi muito inteligente e corajoso. É célebre uma passagem de sua vida, onde ele ainda criança consegue domar o cavalo Bucéfalo (o nome significa cabeça de boi e não isso que vocês estão pensando, cambada de pervertidos!), que ninguém estava conseguindo controlar. Ele percebeu que o cavalo tinha medo de sua própria sombra e inteligentemente virou- o ao contrário, pra que ele não a visse, conseguindo domar o animal.
Ele recebeu uma educação muito boa (o Alexandre, não o Bucéfalo!). Felipe mandou chamar nada mais, nada menos do que o Aristóteles: aquele mesmo que foi aluno de Platão, que foi aluno de Sócrates, pra vocês verem que não foi pouca coisa a educação desse garoto. Tanto que, quando ele tinha 16 anos, o Filipe teve que resolver umas questões lá em Bizâncio e, enquanto ele dava porrada nos bizantinos, deixou o Alexandre tomando conta do reino (hoje em dia existem garotos de 16 anos que não sabem formular uma simples frase que tenha sujeito e predicado!). Pra vocês verem como foi especial a educação dele.
Com 18 anos, como eu já falei, o Alexandre participou da batalha de Queronéia junto com o pai (família que guerreia unida...)
Dois anos depois, Felipe foi assassinado por um cara chamado Pausânias (e o motivo do assassinato foi um babado fortíssimo que não vai dar tempo de contar aqui, mas depois eu conto em off pra quem quiser saber, eu aumento mais não invento!)
E então, Alexandre é coroado rei da Macedônia, aos 20 anos de idade. O seu primeiro ato como rei, foi rechaçar uma rebelião que aconteceu na cidade de Tebas. Por que é aquela coisa: “Ahhh! O rei morreu! E quem está no lugar? Ahhh! é o pivete do Alexandre! Que faremos nós? Vamos nos rebelar, claro! Ali, o Alexandre mostrou a quê veio: destruiu a cidade de Tebas, matou todos os homens da cidade e o que sobrou, vendeu como escravos (Alexandre tinha esses dois lados: por um lado ele podia ser muito cruel com os inimigos e por outro, podia ser muito gentil, tanto que na Pérsia, pra poder se aproximar mais da nobreza, casou-se com uma tal de Roxane, princesa persa)
Após esses emocionantes fatos, Alexandre iniciou várias expedições para expandir o seu império. Conquistou a pérsia, conquistou o Egito (se tornou faraó do Egito), fundou a cidade de Alexandria que mais tarde se tornaria o centro cultural do mundo antigo. Quando ele estava na Índia( fazendo guerra,pra variar), pegou uma febre e acabou morrendo na Babilônia em 13 de junho de 323, com 33 anos de idade.
Seu império foi divido entre os principais homens de seu exército e Alexandre, O grande, se tornou essa lenda toda que nós conhecemos.
Mas como todo mundo gosta de saber quem comeu quem e essas coisas, fica a pergunta:
E ele era mesmo gay?
Embora historicamente falando, não exista nenhum documento sobre o assunto, é bem possível que Alexandre tenha sim, mantido relações sexuais com outros homens. Mas seria um erro classificá-lo como “gay”, pois isso é um rótulo atual. Devemos olhar para a época da qual estamos falando e levar em consideração que, naquele tempo, o homem que se deitava com uma mulher era macho. Mas o homem que se deitava com uma mulher e com outro homem era mais macho ainda!  Portando, é incorreto julgarmos através de nossa visão de seres humanos do século XXI, pois vivemos em outro contexto. Um mundo totalmente diferente. Quem viu o filme de Oliver Stone e concluiu através dele que Alexandre era uma bichona, está completamente enganado.
É isso...

Elvis Eduardo dos Reis 16/11/2010

2 comentários:

  1. "Eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeepaaaaaaaaaaaaaaaaaaa Eeeeeeeeeeeeeeeeeeepaaaaaaaaaaaaaaaaaaa Bicha não...!"
    Muito bom o texto, esse é meu irmão... Nepotismo na veia, quando eu for cineasta,eis meu consultor histórico...

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